A moeda venezuelana perdeu 24,4 vezes o seu valor nos últimos cinco dias, segundo dados do Banco Central da Venezuela. Em 17 de agosto, 1 euro valia 2,85 bolívares soberanos (Bs.S), mas nesta quarta-feira vale 69,45 Bs.S, na taxa oficial de câmbio.
A desvalorização da moeda, segundo analistas, faz parte das novas medidas econômicas anunciadas pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que preveem a unificação das várias taxas de câmbio oficiais do país como parte de um processo para eliminar o sistema de controle cambial que vigora desde 2003.
“O valor tomado como referência no fim de semana passado foi muito parecido ao valor do dólar paralelo (câmbio no mercado negro), que agora já subiu, ocasionando uma margem entre os dois”, explicou uma fonte consultada pela Agência Lusa.
Como parte das medidas, a Venezuela despenalizou as operações com divisas entre cidadãos, mas mantém as limitações ao acesso a moeda estrangeira.
Segundo o ministro da Economia e Finanças, Simón Zerpa, o Estado continuará a manter o controle sobre as moedas estrangeiras que circulem na Venzuela e substituirá em breve os leilões a que os empresários recorriam para aceder a divisas para pagar importações.
A crise tem levado muitos venezuelanos a sobreviver de remessas de familiares e as autoridades esperam que estas remessas passem a entrar no sistema oficial, através das casas de câmbio que foram recentemente autorizadas a receber divisas a 46,40 Bs.S por cada euro.
Na última segunda-feira entrou em vigor, na Venezuela, uma reconversão monetária que eliminou cinco zeros do bolívar forte, dando origem ao bolívar soberano.
Governo fixa preços de produtos básicos
O governo venezuelano fixou nesta quarta-feira (22) os preços de 25 produtos básicos alimentares, incluindo produtos que estão escassos no país e que passam a ter um custo ligeiramente inferior aos praticados no mercado negro, onde estão disponíveis.
Os novos preços “devem ser exibidos em todos os estabelecimentos comerciais”, lê-se no decreto publicado na Gazeta Oficial do país, afirmando que quem não cumprir os preços será alvo de sanções, que vão de multas pecuniárias ao fechamento dos estabelecimentos.
O decreto regula os preços do atum em lata, carne de vaca, ovos, mortadela, sardinha fresca e em lata, leite pasteurizado, frango, manteiga, ervilhas, lentilhas, feijão, grãos, óleo comestível, arroz, açúcar, café moído, farinha de milho pré-cozido, farinha de trigo para uso familiar e para panificação, maionese, margarina, massa, molho de tomate e sal.
“Alguns dos novos preços estão ligeiramente inferiores aos dos vendedores informais, entre eles os das cartelas de ovos, mas o da carne de vaca está muito abaixo. No fim de semana, paguei o equivalente a 120 bolívares soberanos por um quilo de carne (1,72 euros) e foi fixado em 90 (1,29 euros)”, explicou um comerciante à agência Lusa.
O valor de câmbio dos produtos é agora feito à luz da nova taxa de câmbio de 69,60 Bs.S por cada euro, tendo em conta que na semana passada a cotação oficial passou de 33,64 Bs.S para 46,4 Bs.S e daí para o valor atual, enquanto no mercado paralelo o euro ronda os 82,65 Bs.S.
Os empresários temem que a fixação de preços volte a fazer que produtos desapareçam do mercado local e que aumentem de valor no mercado negro.
Ciberia, Lusa // ZAP