Quando achamos que a ciência esgotou o seu estoque de surpresas, eis que ela surge para nos apresentar o scutoid, a mais recente forma geométrica no corpo humano.
Os cientistas acabam de encontrar uma nova forma geométrica em uma análise realizada com o objetivo de entender o formato celular dos tecidos da pele humana. Os cientistas estudaram as células epiteliais, os blocos de construção de embriões que acabam por formar nossa pele, e descobriram o scutoid.
No fundo, os pesquisadores chegaram à conclusão que a forma scutoid é extremamente eficiente em manter as células bem compactadas e organizadas nas reviravoltas literais do desenvolvimento humano.
À medida que os embriões crescem, os tecidos dobram quando começam a formar órgãos. Até agora, os cientistas pensavam que as células conseguiam ficar compactadas se fossem em forma de garrafa, mas um modelo computacional sugeriu uma forma muito mais complexa e peculiar.
“Nosso modelo previa que as colunas e formatos de garrafa não poderiam ser as únicas formas segundo as quais as células se desenvolviam. Para a nossa surpresa, esse formato nem possuía um nome na matemática. Não é todos os dias que alguém tem a oportunidade de nomear uma nova forma geométrica”, disse o bioengenheiro Javier Buceta, da Universidade Lehigh.
A responsabilidade nos ombros dos cientistas era imensa. Desta forma, a equipe decidiu procurar um nome que tivessem algum fundamento na área da biologia e eis que surgiu scutoid, em homenagem ao escutelo, uma parte do tórax de alguns insetos muito parecida com a nova descoberta por conter uma espécie de Y no centro.
De acordo com a equipe de cientistas, o Y é justamente um dos grandes destaques da nova forma geométrica. Este formato é o responsável pela elasticidade da pele humana.
Através da microscopia e imagens de computador, os cientistas confirmaram que as células encontradas nas glândulas salivares e nas células do peixe-zebra eram, de fato, de forma scutoid. Como destaca o artigo científico publicado recentemente na Nature Communications, os cientistas acreditam que as células em forma scutoid existem em qualquer parte curva das células epiteliais, até mesmo nos seres humanos.
“Não é o quadrado nem o círculo, mas conseguimos nomear uma nova forma e acreditamos que esse é um grande avanço em muitos aspetos”, disse Escudero ao Gizmodo.
A equipe salienta que o scutoid pode ter aplicações em muitos campos científicos, como na biologia médica. Uma vez que as células em forma de scutoid são muito eficientes em permanecer unidas durante o desenvolvimento, podem ser muito eficazes no crescimento de órgãos artificiais, dado que ofereceriam estabilidade arquitetônica.
Ciberia // ZAP
Por que ninguém pensou em dar um nome à nova forma que homenageasse o sobrenome do bioengenheiro Javier, da Universidade Lehigh? Não é justo perante a comunidade científica?