A aparência de Saturno é tão encantadora quanto instável. As faixas coloridas são formadas por gases dourados que se movem em tempestades violentas ao redor do planeta, a uma velocidade de até 1.000 mph e, por isso, a atmosfera pode sofrer algumas alterações. Esse é o caso do novo tipo de tempestade que apareceu por lá, próximo à região polar norte do planeta.
Em 2018, astrônomos descobriram quatro grandes novas tempestades que se formaram em Saturno. Elas passaram uma pela outra, perturbando ainda mais a atmosfera, e acabaram criando um complexo sistema de tempestades que durou meses.
O fenômeno foi notado pela primeira vez em fotografias que astrônomos amadores capturaram e enviaram para um repositório público online.
Através de modelos de computador, uma equipe de pesquisadores da Espanha, Austrália, EUA e França estimou a energia por trás do evento e a comparou com outras tempestades em Saturno. Eles observaram a primeira das quatro tempestades em março de 2018, visível como uma mancha branca distinta perto do polo norte do planeta, e as outras três apareceram nos meses seguintes. Após um bom tempo de estudo e observação, a equipe percebeu que essa série de tempestades era diferente de todas as anteriores.
Um novo tipo de tempestade
Até então, havia dois tipos de tempestades conhecidas em Saturno: as pequenas, com aproximadamente 2000 quilômetros de extensão; e as chamadas Grandes Manchas Brancas. Como o nome sugere, o segundo tipo é de tempestades gigantes, 10 vezes maiores que as demais, e em alguns casos podem até mesmo dar a volta completa ao redor do planeta. As tempestades menores podem durar alguns dias, mas as Grandes Manchas Brancas duram até meses. Os astrônomos só viram sete delas desde 1876.
Agora, com a nova descoberta, os astrônomos se deparam com um tipo novo de tempestade com tamanho intermediário. Elas são diferentes das outras não apenas em tamanho, mas também em duração, chegando a durar de 1 semana e meia até 7 meses.
E, por alguma razão, as quatro tempestades surgiram em uma época que coincide com o ciclo do aparecimento das Grandes Manchas Brancas, que é a cada ano saturniano, ou 30 anos terrestres.
Parece que a formação dessas tempestades depende de interações entre o vapor de água, diferenças sazonais na exposição à luz solar e a atmosfera complexa do planeta. No entanto, esse processo ainda não é muito compreendido.
“Este é um novo tipo de tempestade que está nos dizendo algo sobre os mecanismos desconhecidos de formação”, disse Enrique García-Melendo, astrônomo da Universitat Politècnica de Catalunya e um dos principais autores do estudo.
Os pesquisadores esperam que futuras observações com o telescópio espacial James Webb e com telescópios terrestres maiores ajudem a entender mais sobre essas tempestades.
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