Akkapol Chanthawong / Facebook

Os 12 adolescentes desaparecidos em caverna na Tailândia

Os mergulhadores retomaram nesta segunda-feira (9) a operação de resgate do grupo de jovens que continuam presos em uma caverna na Tailândia. A Reuters já confirmou a retirada de oito jovens, permanecendo quatro crianças e o treinador para serem resgatados.

Oito dos adolescentes foram retirados da caverna neste domingo (8) e nesta segunda-feira (9) e encaminhados a um hospital local. Segundo informaram as autoridades, os jovens resgatados se encontravam em “boas condições de saúde“. Oficializando-se a retirada do oitavo adolescente, restam agora três jovens e o treinador de futebol.

Os pais das crianças continuam, no entanto, sem ter contato com os filhos, segundo o chefe da equipe de crise, Narongsak Osottanakorn.

Poucas horas depois de ter começado a segunda fase da operação de resgate, as autoridades tailandesas garantiram que a chuva, que caiu durante a noite, não alterou o nível da água na gruta, onde quatro crianças e o treinador ainda se mantêm.

Para além das dificuldades no acesso, as equipes lutam contra o tempo, já que as previsões meteorológicas apontam para um aumento da chuva nas próximas horas. Os mergulhadores entraram na caverna às 11h locais (1h em Brasília).

“As condições são como as de domingo. A equipe de resgate é a mesma, com algumas substituições”, disse Narongsak Osatankorn, o chefe das operações. “Esperamos boas notícias nas próximas horas”, acrescentou.

O grupo está preso na caverna desde o dia 23 de junho. Os 12 adolescentes e o treinador foram encontrados por mergulhadores na semana passada. Encontravam-se famintos, mas sem ferimentos graves.

Ake, o treinador e monge budista

Ekkapol Chantawong tem 25 anos e é o treinador que está preso com os jovens na caverna da Tailândia. Segundo o Público, ele ficou órfão aos 10 e foi durante uma década monge budista. Sua capacidade de meditação e de ser manter calmo teria sido crucial para manter o grupo a salvo.

De acordo com os mergulhadores, é o treinador que se encontra em pior condição física, já que abdicou da pouca comida para a dar aos jovens. O treinador ensinou as crianças a meditar e a conservar o máximo de energia possível. Desde cedo, os socorristas destacaram que esses esforços foram cruciais.

“Vejam o quão calmos eles estão, à espera. Ninguém chorava sequer, é surpreendente”, disse a mãe de uma criança de 11 anos, que faz parte do grupo.

Já dentro da caverna, Ekkapol redigiu uma carta aos pais das crianças, na qual lhes dirigia um pedido de desculpas. “Agora todos os rapazes estão bem, as equipes de socorro estão nos tratando bem. Prometo que cuidarei dos pequenos da melhor maneira que conseguir. E peço desculpas sinceras a todos”, escreveu.

As famílias reagiram às palavras do treinador, enviando uma carta através dos mergulhadores, garantindo que não o culpabilizavam pela situação.

“Os pais e as mães não estão magoados com você. Obrigado por ajudar a cuidar dos nossos filhos”, disse um dos pais. “Não estamos de modo algum chateados contigo, não se preocupe”, acrescentou uma das mães.

Na carta enviada, Ekkapol deixou também uma mensagem à família: “Querida avó e tia, eu estou bem. Não se preocupem muito. E, por favor, cuidem da sua saúde.”

Ekkapol foi monge budista durante uma década e teria deixado a ordem religiosa há 3 anos para tomar conta da avó, de acordo com o New York Times.

Mesmo após a sua saída, manteve os hábitos de meditação. A família de Ekkapol diz que o treinador decidiu se tornar monge pouco depois da morte dos pais, quando tinha dez anos, quando passou a viver com a avó.