Após a sucessão de casos de vítimas da Baleia Azul, parece haver um novo jogo perigoso a ganhar força entre os mais jovens. Trata-se do “Abecedário do Diabo” e o primeiro caso conhecido envolve uma criança de apenas oito anos.
O alerta para este novo jogo perigoso surgiu em Mieres, nas Astúrias (Espanha) depois de uma mãe ter detectado duas feridas “em carne viva” nas mãos do filho de oito anos, relata o jornal La Nueva España.
Confrontada pela mãe, o menino teria contado que as lesões tinham sido causadas ao jogar o Abecedário do Diabo.
Este jogo consiste em recitar o abecedário e dizer uma palavra que comece por cada uma das letras, enquanto outra pessoa belisca, arranha ou corta as costas da mão da “vítima” com as unhas ou com algum objeto pontiagudo – há relatos do uso de tesouras, compassos e alfinetes.
A criança que assume o papel de “líder” escolhe as “vítimas” que são forçadas a passar pelo “ritual do abecedário” para então fazerem parte do “clube”.
O canal de televisão Cuatro assegura que já foram confirmadas três vítimas do jogo em Mieres, apontando que as autoridades falam de “um problema grave” e que consideram que não há denúncias “por medo”.
A Associação das Astúrias Contra o Assédio Escolar (ACAE) garante também, em alerta no seu perfil do Facebook, que o Abecedário do Diabo está “se disseminando por todos os colégios de educação primária” da Espanha, alertando professores e pais para estarem atentos.
A ACAE foi uma das primeiras entidades a dar o alerta para o jogo que pode causar feridas graves, que podem levar vários dias para passar.
O intuito não é “criar alarme social”, mas fazer uma “chamada de atenção” para que se evitem casos relacionados ao jogo, explica a presidente da ACAE, Encarna García, no jornal El País.
“Vimos cortes nas axilas em meninos do País Basco e conhecemos outro caso em Valladolid”, revela ainda a responsável frisando que o jogo “está generalizado” nas escolas primárias espanholas.
Sobre o caso da criança de oito anos de Mieres, Encarna García afirma que frequenta um colégio privado, onde se verificaram outros casos.
“Não temos a certeza que as crianças aceitem praticar ‘o abecedário’ sem coações e é preciso abrir investigações, tanto dentro como fora dos centros escolares”, atesta a responsável da ACAE, destacando também a importância da “prevenção”.
“Há pais que responderam ao caso assegurando que são ‘coisas de crianças’, mas acreditamos que há um fundo mais complicado neste tipo de prática, e que podem ser a semente ou um sintoma dos casos de bullying“, constata Encarna García.
Por enquanto, não há relatos concretos de casos fora da Espanha, mas a presidente da ACAE atesta que falou com “muita gente de países latino-americanos” e que se conclui que o jogo “vem do México, da Bolívia e do Equador”.
// ZAP