Segundo um novo estudo, algumas algas marinhas microscópicas podem desempenhar um papel importante e ativo na formação de nuvens sobre os oceanos.
Em uma pesquisa publicada na revista iScience no dia 15 de agosto, cientistas acreditam que uma espécie unicelular de alga – Emiliana Huxleyi – pode ser responsável pela criação dessas partículas que “semeiam” as nuvens.
As nuvens são criadas quando gotas de água microscópicas condensam na superfície de outras partículas microscópicas. Estas partículas podem ser solúveis como os cristais de sal ou insolúveis como partículas de poeira.
Esse fitoplâncton, onipresente em todos os oceanos, é destruído a partir do interior através de um vírus comum e suas remanescências formam partículas insolúveis, nas quais as gotículas de água se condensam na atmosfera.
As remanescências desse fitoplâncton são uma espécie de “carapaça” dura que é constituída por cerca de 30 escamas de calcite, que se designam por cocólitos (cuja dimensão é da ordem dos três micrômetros).
Quando as condições são as mais adequadas, a alga floresce e se multiplica e, mesmo sendo de tamanho microscópico, consegue colorir os mares com um tom turquesa brilhante.
Quando a alga morre, a maioria dos cocólitos acaba como parte do sedimento do fundo do oceano, e estima-se que estes organismos sejam responsáveis pela deposição de cerca de 1,5 milhão de toneladas de calcite nos oceanos por ano.
Contudo, nem todos os cocólitos vão para o fundo dos oceanos. Existem vestígios de cocólitos em pulverizadores marítimos, levados pela movimentação dos oceanos ou pelas bolhas na água.
Os aerossóis de pulverização marítima desempenham um papel importante na regulação do clima terrestre, e a presença deste fitoplâncton aumenta o número de gotas de nuvens sobre o oceano.
Na análise, os pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciência da Universidade de Rehovot, em Israel, infectaram metade de uma população de Emiliana Huxleyi com um vírus que frequentemente as infecta na natureza. A outra metade da população foi utilizada como controle, sendo mantida livre do vírus.
Inicialmente, cada milímetro da água continha 20 milhões de cocólitos. Passados apenas cinco dias, o número mais que triplicou nas algas infectadas em comparação com a população que serviu de controle.
O passo seguinte na pesquisa foi utilizar bolhas para imitar a agitação natural dos oceanos, que cria o pulverizador marítimo. Nessa fase, havia dez vezes mais cocólitos no ar das algas infectadas do que nas algas que serviram para controle.
Segundo os pesquisadores, a diminuta dimensão e peso dos cocólitos faz com que eles se mantenham no ar durante muito mais tempo, caindo “25 vezes mais devagar do que as partículas de sal marinho com a mesma dimensão”.
Isso significa que, em condições onde partículas mais pesadas podem cair, os fragmentos dos cocólitos não o fazem, concentrando-se no ar e influenciando a formação de nuvens.
Ciberia // ZAP