O caso do recém-nascido que recebeu o nome de Jihad na cidade de Toulouse, na França, está sendo analisado pela Justiça Francesa.
A criança, do sexo masculino, nasceu e foi registrada no dia 2 de agosto em Toulouse, apesar de os pais viverem no município vizinho de Léguevin. O nome do recém-nascido está chocando a cidade francesa por remeter à “guerra santa” dos radicais islâmicos. As autoridades já alertaram o procurador da República de Toulouse.
Em uma época em que os franceses estão ainda muito marcados pelos atentados terroristas levados a cabo pelo Estado Islâmico (EI), a Justiça de Toulouse terá agora que decidir se passa o caso a um juiz do Tribunal de Família, o único que pode proibir a utilização do nome e obrigar os pais a dar outro à criança.
Em entrevista à rádio France Info, Abderrahmane Oumachar, um dos fundadores do Centro de Espiritualidade Muçulmana de Toulouse, explica que na realidade o nome Jihad “não significa guerra santa”. No entanto, de acordo com a lei francesa, “a família não pode escolher nomes que possam ser contrários ao interesse da criança“.
Segundo Oumachar, a tradução da palavra é “luta”, “resistência” ou “abnegação”, embora seu sentido tivesse sido alterado. Em árabe, Jihad pode ser “a ação de um médico que salva vidas”, exemplifica o especialista em religião muçulmana.
Os funcionários das repartições de registro de crianças não podem, desde 1993, proibir a escolha de nomes. Ainda assim, se notarem alguma irregularidade no processo, são obrigados a avisar a Justiça.
Em 2016, houve em Nice um caso similar ao de Jihad. Uma criança foi registrada com o nome de “Mohamed Nizar Merah“, o mesmo nome do jihadista autor dos atentados de Toulouse e Montauban em 2012. As autoridades francesas consideraram que o nome era uma apologia ao terrorismo e os pais foram obrigados a mudar o nome da criança.
Em 2013, uma criança de três anos foi para a escola com uma camiseta com as mensagens “sou uma bomba” e “Jihad, nascido no dia 11 de setembro“. A mãe da criança, que se chamava efetivamente Jihad, foi condenada a um mês de prisão com pena suspensa e a pagar 2 mil euros de multa.
A Justiça considerou as frases provocativas, embora não tivesse analisado o nome da criança – que teve a sorte de ter nascido antes de a onda de atentados terroristas na Europa ter começado.
Ciberia // ZAP