O SoFi é um soft robotic fish (peixe robótico flexível) criado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para vasculhar os oceanos do mundo. Com o seu tamanho pequeno e aparência de animal marinho, consegue acessar espaços pequenos em corais e circula pelo mar sem espantar os cardumes.
É graças as suas similaridades com um animal marinho e ao seu tamanho que o SoFi consegue imagens que um mergulhador humano ou robô convencional não conseguiria.
A velocidade de nado do SoFi não é muito alta, mas ainda assim o peixe representa uma tecnologia promissora, que ainda será melhorada no futuro. Os criadores querem que ele seja capaz de seguir um peixe em particular para que os hábitos sejam estudados.
Além disso, os cientistas querem recolher mais dados sobre a poluição e outras intervenções humanas no fundo do mar.
Em um artigo científico publicado esta semana na revista Science Robotics, os pesquisadores do MIT dão mais detalhes sobre a evolução deste estranho peixe.
Os cientistas enfrentaram três grandes problemas no desenvolvimento do projeto: o primeiro está relacionado com a comunicação. Os veículos que se movem por baixo da água tipicamente acabam presos a um barco porque as ondas de rádio não viajam bem na água. Por isso, os inventores do SoFi optaram por usar som na comunicação.
“Comunicação com radiofrequência por baixo de água funciona apenas em alguns centímetros. Sinais acústicos podem viajar por maior distância e com menor consumo de energia”, explica o autor principal, Robert Katzschmann. Utilizando som, os mergulhadores podem pilotar o peixe-robô por uma distância de 21 metros.
O problema número dois tem a ver com os motores elétricos do robô, chamados atuadores. Os cientistas precisavam de um atuador flexível para que o movimento do peixe fosse suave como o animal de verdade. Por isso, a cauda do Sofi tem duas câmaras vazias em que uma bomba injeta água. “Tudo o que fizemos foi criar um ciclo de água de um lado para o outro, e isso causa uma ondulação e a movimentação da cauda”, explicou.
O problema número três está relacionado com os custos: nadar é caro energeticamente. Os peixes precisam se “agarrar” a uma determinada profundidade, e usam a bexiga natatória para controlar a habilidade de boiar ou não. Então o SoFi usa um tipo de bexiga natatória, um cilindro que comprime e descomprime ar com a ajuda de um pistão.
Além de tudo isso, o robô não tem todos os espaços com ar que uma máquina típica tem. “Os compartimentos que normalmente seriam hermeticamente fechados e cheios de ar, nós enchemos com óleo”, diz Katzschmann. Isso dá integridade estrutural ao peixe e permite que atinja profundidade de até 18 metros.
Por enquanto, o SoFi é controlado por um controle remoto parecido com um de videogame. Mas a ideia é que versões futuras consigam usar as câmeras para identificar um peixe específico e segui-lo automaticamente.
Isso poderia ajudar a estudar as dinâmicas dos cardumes ou monitorar a saúde de populações marinhas. “O SoFi poderia nos ajudar com a fuga e a atração de peixes que estão associadas com outras formas de monitoração como robôs e mergulhadores”, diz Hanumant Singh, cientista não envolvido na pesquisa.
Até agora, os pesquisadores observaram que peixes às vezes nadam ao lado do robô, mostrando curiosidade. Enquanto isso, outros peixes ignoravam o SoFi e seguiam sua rotina normalmente, sem fugir, como aconteceria se houvesse um mergulhador presente.
Ciberia // ZAP