O Palácio do Planalto decidiu deixar em suspenso a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, para assumir a embaixada brasileira nos Estados Unidos, em meio a uma crise política envolvendo o chefe de Estado e seu partido, o PSL.
A informação foi antecipada nesta quinta-feira (17/10) por Guilherme Amado, colunista da revista Época, e confirmada por outros veículos da mídia com fontes próximas ao governo.
Embora o anúncio da intenção da indicação tenha ocorrido há três meses, o início do processo formal no Senado vinha sendo postergado devido aos temores de falta de apoio ao nome de Eduardo entre os parlamentares, que precisam dar o aval para a escolha de Bolsonaro. Numa sabatina na Casa, o filho do presidente teria de provar que é capaz de exercer o cargo em Washington, embora não tenha qualquer experiência diplomática.
Apesar de realizar um corpo a corpo no Senado para tentar angariar apoio em torno de seu nome, Eduardo não teria conseguido garantir sustentação para sua indicação e corria o risco de se tornar o pivô de uma amarga derrota para o presidente.
Segundo a imprensa brasileira, a suspensão da indicação seria vista pelo Planalto como uma “saída honrosa” para Eduardo. O presidente adotaria um discurso oficial de que desistiu de indicar seu filho para que ele pudesse permanecer na articulação política do governo, e que Eduardo teria a maioria do Senado a seu favor caso seu nome fosse submetido a uma votação. Mas, segundo apurou o jornal Correio Brasiliense, Eduardo não conseguiria nem a metade dos votos dos 81 senadores.
Nesta sexta-feira, ao deixar o Palácio da Alvorada em Brasília, o presidente foi questionado por jornalistas sobre a indicação de Eduardo e negou que seus planos tenham mudado. “Por enquanto, sem alteração”, respondeu Bolsonaro.
Na véspera, o filho do presidente também negou que a decisão de suspender a indicação tenha sido tomada, contradizendo uma declaração que havia dado na quarta-feira, quando disse que a nomeação tinha ficado em segundo plano devido a sua tentativa de assumir a liderança do PSL na Câmara.
“Nem eu nem Jair Bolsonaro falamos nenhum fato novo sobre a embaixada. Parecem estar confundindo as coisas, querendo pôr mais lenha na fogueira”, afirmou Eduardo nesta quinta-feira à revista Crusoé.
No mesmo dia, a ala bolsonarista do PSL tentou dar ao deputado o posto de líder do partido na Câmara, em meio ao acirramento da crise entre o presidente e as lideranças da legenda. Contudo, após uma guerra de listas para definir o líder da bancada e a invalidação de assinaturas de parlamentares, os aliados de Bolsonaro acabaram derrotados.
A indicação de Bolsonaro é vista com bons olhos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os EUA já haviam formalizado seu aval para a nomeação do filho do presidente para o comando da embaixada brasileira no país. O cargo de embaixador em Washington está vago há quase dez meses.