Uma agente da Guarda Civil espanhola ausentou-se do serviço para colocar um absorvente porque ficou menstruada subitamente, e como “castigo” é alvo de um processo disciplinar em que pode acabar suspensa e sem salário.
O episódio ocorreu, ironicamente, no passado dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, quando a agente da Guarda Civil se ausentou, durante cerca de 5 a 10 minutos, do serviço a bordo de um carro de patrulha em uma rotunda de uma zona portuária, em Barcelona, no âmbito de uma vigilância de rotina, conforme reporta o jornal El País.
A defesa da mulher alega que a menstruação desceu inesperadamente e que, portanto, se viu “obrigada a ir a um banheiro para colocar um absorvente de forma imediata, para não manchar o uniforme nem o veículo oficial“, diz o El País.
O banheiro mais próximo da rotunda estaria situada a cerca de 300 metros de distância e quando a agente voltou ao serviço, se deparou com um tenente que fazia uma ronda de inspeção e que não acreditou na justificativa para a ausência.
“Vai ao banheiro antes ou depois do ponto de controle, mas nunca durante”, teria dito o tenente “aos gritos”, conforme escreve o El País.
A agente teria denunciado o tenente por assédio laboral. E só depois disso, uma semana após o incidente da rotunda, é que o tenente teria aberto um processo disciplinar contra ela, acusando-a de “imprecisão na conformidade com as ordens recebidas”.
O El País cita fontes oficiais que argumentam que “a reprimenda do oficial” se deve, na verdade, ao fato de nem a agente nem o seu colega de patrulha terem avisado os superiores da ausência do serviço, nem de terem feito qualquer anotação sobre isso nas folhas de serviço.
As mesmas fontes destacam que a agente pediu baixa psicológica após o incidente, e que nunca mencionou internamente o caso do absorvente, só o tendo feito depois de ter sido instaurado o processo disciplinar.
A União de Oficiais, que representa as chefias da Guarda Civil, acusa a agente de dar “uma versão interessada e simplista do sucedido, talvez procurando com isso a rápida criminalização mediática do oficial”, cita o El País.
“Na Guarda Civil não há problema em abandonar o serviço perante uma emergência, sempre e quando se comunique devidamente e se deixe constâncias dos motivos que obrigam a isso”, frisa ainda a associação que representa os oficiais.
O processo disciplinar por falha leve pode valer à agente uma suspensão de até dois dias, com perda de salário.
A Guarda Civil espanhola tem, há cinco anos em vigor, um protocolo de atuação contra o assédio sexual e laboral no ambiente de trabalho, mas seus efeitos são, reconhecidamente, insuficientes.
// ZAP