O presidente do Governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, ofereceu nesta segunda-feira (16) por carta ao presidente do Governo da Espanha, Mariano Rajoy, uma margem de “dois meses” para dialogar e negociar uma saída política para o conflito político que existe entre Catalunha e o Estado.
Logo depois, o governo da Espanha não considerou válida, por falta de clareza, a resposta de Puigdemont, segundo explicou o ministro de Justiça, Rafael Catalá.
O ministro lembrou que, além de perguntar-lhe sobre a independência, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, lhe deu um segundo prazo, até quinta-feira (19), para que explicasse as medidas que vai adotar para cumprir a lei.
O presidente catalão, que devia responder hoje ao requerimento, não deu a resposta para o Governo e propôs a Rajoy realizar “o mais rápido possível” uma reunião para “explorar os primeiros acordos”.
Puigdemont, na carta enviada a Rajoy, anexou as referências documentais de seu pronunciamento na Câmara catalã, bem como a lei do referendo que aprovaram em setembro, suspensa pelo Tribunal Constitucional espanhol, e os resultados da consulta separatista de 1º de outubro, considerada ilegal pela Justiça espanhola.
Puigdemont destacou que, em todo caso, que os efeitos do mandato “político surgido das urnas em 1º de outubro estão suspensos, porque sua vontade é encontrar a solução e não o confronto”.
O presidente catalão, no Parlamento regional, assumiu “o mandato do povo da Catalunha para que seja um Estado independente em forma de república“, mas em seguida propôs deixar em suspenso a declaração de independência para que “nas próximas semanas” se dialogue, requisitando ao Governo espanhol que aceitasse uma mediação.
O Governo de Rajoy lhe tinha dado de prazo até esta segunda para que dissesse se tinha declarado ou não a independência, e em caso de não responder, como aconteceu, tem até a próxima quinta-feira (19) para dar uma resposta clara.
“A nossa intenção é percorrer o caminho de forma lembrada tanto no tempo como nas formas. A nossa proposta de diálogo é sincera e honesta”, disse Puigdemont dirigindo-se a Rajoy.
“Por tudo isso, durante os próximos dois meses, nosso principal objetivo é pedir-lhe para dialogar e que todas aquelas instituições e personalidades internacionais, espanholas e catalãs, que expressaram sua vontade de abrir um caminho de negociação tenham a oportunidade de explorá-lo”, continuou o documento.
Na sua carta, de duas páginas e com cerca de 20 referências documentais, Puigdemont faz a Rajoy duas petições: “que reverta a repressão contra o povo e o governo da Catalunha e concretize o mais rápido possível uma reunião que lhes permita explorar os primeiros acordos, para não deixar que a situação se deteriore ainda mais“.
“A nossa proposta de diálogo é sincera, apesar de todo o ocorrido, mas logicamente é incompatível com o atual clima de crescente repressão e ameaça”, destacou Puigdemont na carta.
A respeito do diálogo, o presidente catalão afirmou: “Com boa vontade, reconhecendo o problema e o olhando de frente, tenho certeza de que podemos encontrar o caminho da solução”.
Puigdemont disse que no referendo de 1º de outubro “mais de dois milhões de catalães encomendaram – ao Parlamento regional – o mandato democrático de declarar a independência” e lembrou os dados das últimas eleições regionais de 2015, nas quais 47,7% dos eleitores votaram em “forças independentistas”.
Ciberia // ZAP