Nesta terça-feira (10), a Espanha parou para ouvir Carles Puigdemont. O presidente do Governo catalão proclamou a independência da Catalunha, mas, logo de seguida, propôs suspender seus efeitos para dialogar com Madrid.
Depois um longo discurso de quase uma hora, Carles Puigdemont acabou fazendo um apelo à sensatez, no sentido de responsabilidade e pacificação, e propôs a suspensão dos efeitos do referendo “para procurar o diálogo com Madrid”.
Uma decisão que não caiu bem aos aliados, vista pela Candidatura de Unidade Popular (CUP) como uma “oportunidade perdida” e anunciando que dá um mês de prazo para que o presidente do Governo catalão avance com a independência.
“A confiança no governo foi afetada e queremos que se estabeleça uma data limite para dar suporte legal à declaração de independência. Para que tenha validade jurídica, deve ser confirmada em sede parlamentar”, disse o partido, citado pelo jornal português Público.
“Uma hora antes do início da sessão parlamentar trocaram todo o roteiro. Nós não subscrevemos a suspensão da declaração de independência”, acrescentou Quim Arrufat, dirigente da CUP.
Nas redes sociais, a juventude da CUP (Arran) foi ainda mais longe. “Devíamos ter proclamado a independência. O mandato popular de 1º de outubro era claro e continua a ser. (…) Estamos testemunhando uma traição inadmissível“, escreveu no Twitter.
Rajoy pede clarificação da declaração de independência
Na manhã desta quarta-feira (11), o Governo espanhol realizou uma reunião extraordinária para analisar o anúncio de Puigdemont e para decidir “os próximos passos” a serem tomados.
“O Conselho de Ministros concordou pedir formalmente à Generalitat [governo catalão] para clarificar se declarou a independência da Catalunha”, afirmou Mariano Rajoy em resposta ao que o presidente do governo catalão proclamou, citado pelo Público.
“A resposta do presidente da Generalitat irá definir as decisões que o Governo adotará nos próximos dias”, acrescentou o chefe do Governo espanhol. No entanto, Rajoy assumiu que poderá acionar o artigo 155 da Constituição espanhola se Puigdemont assumir que proclamou unilateralmente a independência.
Este artigo, considerado uma autêntica “bomba atômica”, nunca usado desde que foi escrito e aprovado em 1978, permite a suspensão de uma autonomia e dá ao governo central poderes para adotar “as medidas necessárias” para repor a legalidade.
Mas Rajoy espera que isso não aconteça. “Se Puigdemont respeitar a legalidade isso poria fim a um período de ilegitimidade e incerteza. É o que esperamos todos para pôr fim à situação que a Catalunha vive”, acrescentou.
Desde a noite do referendo de 1º de outubro, o presidente regional da Catalunha tem insistido em uma mediação internacional entre o governo regional e o governo central. Para já, a Suíça foi o único país a se oferecer para ajudar nesse processo.
Ciberia // ZAP