Londres vai suspender a liberdade de circulação de cidadãos europeus após o Brexit e introduzir restrições à entrada de todos os trabalhadores da União Europeia (UE) que não sejam altamente qualificados.
Segundo um documento publicado nesta quarta-feira (6) pelo The Guardian, o projeto revela planos para tornar muito mais difícil aos trabalhadores europeus pouco qualificados se estabelecer no Reino Unido, consagra a prioridade aos trabalhadores britânicos nas contratações e propõe que a imigração deve ser avaliada do ponto de vista não do benefício para os imigrantes, mas em que medida melhora a situação dos residentes no país.
O documento de 82 páginas do Ministério do Interior, marcado como “sensível” e datado de agosto de 2017, não está finalizado e não foi aprovado pelo Conselho de Ministros. Se vier a ser adotado, tem ainda de ser discutido no Parlamento e nas negociações com a UE, o que pode implicar alterações.
Não obstante, assinala o jornal, o documento revela pela primeira vez a posição do Governo da primeira-ministra Theresa May sobre imigração, central para muitos dos que apoiaram a saída do Reino Unido da União Europeia no referendo de 2016.
May disse hoje no Parlamento que é importante manter a imigração em um nível “sustentável”, alegando que uma imigração descontrolada provoca uma redução dos salários mais baixos, mas assegurou que o Reino Unido “vai continuar a acolher os melhores e os mais inteligentes”.
O projeto prevê que os candidatos a imigrantes tenham que se registrar no Ministério do Interior para obter uma autorização de residência de até dois anos. Essa autorização só pode ser prolongada, por 3 a 5 anos, para os trabalhadores altamente qualificados.
O documento defende também que a definição legal de família alargada deve ser restringida, para reduzir o número de familiares que podem se juntar ao imigrante aos parceiros, filhos menores e familiares adultos dependentes.
Entre outras medidas, o projeto prevê que, ao chegar ao Reino Unido, os cidadãos europeus tenham que apresentar o passaporte, e não o cartão de identidade, como é até agora.
O texto sugere que as novas restrições entrem em vigor assim que o Reino Unido saia formalmente da UE, o que tem sido previsto para os primeiros meses de 2019.
Ciberia // ZAP