A escritora Sara Stridsberg renunciou seu lugar de membro da Academia Sueca, anunciou a entidade neste domingo (29). A renúncia intensifica o clima de crise na prestigiada instituição cultural que atribui os prêmios Nobel.
Em curto comunicado, a Academia Sueca revelou que Sara Stridsberg pediu na sexta-feira (27) para “renunciar às suas obrigações enquanto membro” da instituição para a qual foi eleita em 2016.
Sara Stridsberg se junta assim a outros sete membros da Academia Sueca que também saíram da instituição na sequência de um escândalo de abusos sexuais e vazamentos de informação.
O escândalo surgiu em novembro quando o jornal Dagens Nyheter publicou a denúncia anônima de 18 mulheres sobre abusos e agressões sexuais contra o dramaturgo francês Jean-Claude Arnault, ligado à academia através de seu clube literário e marido de um dos membros, Katarina Frostenson.
A academia cortou todas as ligações com Arnault e encomendou uma auditoria independente sobre suas relações com a instituição, mas divergências internas quanto às medidas a adotar desencadearam demissões, acusações e saídas de vários membros, entre os quais a secretária permanente em exercício, Sara Danius, e Katarina Frostenson.
Até agora, as renúncias são simbólicas, porque a pertença à academia é vitalícia e só são eleitos novos membros quando vaga alguma cadeira por morte do respectivo ocupante.
No dia 25, o presidente da Fundação Nobel, Carl-Henrik Heldin, admitiu à televisão sueca SVT que a Academia Sueca poderia não atribuir este ano o Nobel da Literatura.
O Nobel da Literatura, atualmente no valor de 9 milhões de coroas suecas (1 milhão de dólares) não foi atribuído, assim como os das restantes categorias, por sete vezes durante as guerras mundiais do século passado – em 1914 e 1918, em 1935, e depois em 1940, 1941, 1942 e 1943 – mas nunca por outros motivos.
A Academia Sueca foi fundada em 1786 pelo rei Gustavo III e atribuiu pela primeira vez o Nobel da Literatura em 1901, ao poeta francês Sully Prudhomme.
Ciberia, Lusa // ZAP