O senador e ex-jogador de futebol Romário (Podemos-RJ) ocultou uma parcela milionária do seu patrimônio, nos últimos anos, para evitar o pagamento de dívidas reconhecidas pela Justiça. Dois apartamentos na Praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, já foram identificados em juízo e vão ser usados para amortizar parte do que é devido pelo ex-jogador.
Uma casa em um condomínio de luxo no mesmo bairro e um carro importado deverão ser os próximos da lista. Os bens mapeados – todos estiveram ou ainda estão oficialmente registrados em nome de terceiros – são avaliados em R$ 9,6 milhões. As informações são de Marco Grillo e Thiago Prado, do jornal O Globo, citadas pela Revista Fórum.
Um levantamento feito pelo Globo nas ações, em cartórios e junto à Procuradoria da Fazenda Nacional, revela que Romário e duas de suas empresas devem pelo menos R$ 36,7 milhões em dívidas com a União, outras empresas e pessoas físicas.
O mecanismo para esconder bens e burlar credores foi explicitado pela juíza Érica de Paula Rodrigues da Cunha, da 4ª Vara Cível da Barra, ao analisar o caso dos imóveis localizados na orla da Barra. “O expediente é tal flagrante que não pode ser ignorado. Não é preciso maior dilação para se concluir pela ocultação de patrimônio para fraudar credores”, escreveu a magistrada, em despacho de outubro do ano passado.
Em outra movimentação no mercado imobiliário, Romário, já no Senado, comprou uma casa em um condomínio fechado na Barra. O imóvel foi vendido no final de 2015 por Adriana Sorrentino Borges, ex-mulher do ex-jogador Edmundo.
Ela não revelou os valores envolvidos na transação – a prefeitura avalia o bem em R$ 6,4 milhões, de acordo com uma certidão obtida em cartório. No entanto, ao ser perguntada se vendeu a casa para o senador, não deixou dúvida: “Eu vendi para ele [Romário]”, disse Adriana.
Ela afirmou que o imóvel está registrado em seu nome porque a compra ainda não foi quitada. A Justiça deverá notificar Adriana nas próximas semanas para que ela, de maneira oficial, informe para quem vendeu a casa. Segundo o vizinho do imóvel, o senador tem usado a casa para eventos.
“Ao fazer 50 anos, o senador Romário fez uma festa grande aqui”, lembrou o empresário Francisco Cesare, citando um episódio de janeiro de 2016. Cesare também se queixa dos prejuízos que a obra provocou em seu próprio imóvel, como rachaduras.
A prefeitura abriu um processo administrativo e identificou que uma ampla reforma começou a ser feita sem que houvesse licenciamento. A obra, que estava em pleno andamento no último dia 15 chegou a ser embargada, mas a proibição foi ignorada. O vizinho contou que procurou Adriana para alertá-la dos transtornos provocados, e ela disse que falaria com um “assistente do senador”.
Ciberia // Revista Fórum