Reino Unido diz que hackers possivelmente ligados ao serviço secreto russo têm atacado instituições britânicas, dos EUA e do Canadá para roubar dados sobre vacina contra novo coronavírus. Kremlin rejeita acusações.
Reino Unido, Estados Unidos e Canadá acusaram a Rússia nesta quinta-feira (16/07) de tentar roubar informações de pesquisadores que procuram uma vacina contra a covid-19.
As três nações alegaram que o grupo de hackers APT29, também conhecido como Cozy Bear e The Dukes, e que “quase certamente atua como parte do serviço de inteligência russo”, atacou instituições de pesquisa acadêmicas e farmacêuticas envolvidas no desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus.
O Centro Nacional de Cibersegurança do Reino Unido (NCSC) fez o anúncio, que foi coordenado com as autoridades dos EUA e do Canadá.
“É completamente inaceitável que os serviços de inteligência russos estejam visando aqueles serviços que trabalham para combater a pandemia de coronavírus”, disse o secretário do Exterior britânico, Dominic Raab, em comunicado.
“Enquanto outros perseguem seus interesses egoístas com comportamento temerário, o Reino Unido e seus aliados estão continuando com o trabalho duro de encontrar uma vacina e proteger a saúde global”, acrescentou.
Os ataques, “persistentes e contínuos”, são vistos pelas autoridades de inteligência mais como um esforço para roubar propriedade intelectual do que para prejudicar a pesquisa.
O NCSC afirmou que a campanha de “atividade maliciosa” está em andamento e inclui ataques ”predominantemente contra o governo e alvos diplomáticos, de assistência médica, energia e think tanks” dos três países.
Não foi informado se alguma informação foi realmente roubada, mas o NCSC diz que não acredita que informações confidenciais de indivíduos foram comprometidas.
Cozy Bear foi identificado por Washington como um dos dois grupos de hackers ligados ao governo russo que invadiu a rede de computadores do comitê nacional do Partido Democrata e roubou e-mails antes das eleições presidenciais de 2016.
O diretor de operações do Centro Nacional de Cibersegurança do Reino Unido, Paul Chichester, exortou “as organizações a se familiarizarem com os conselhos que publicamos para ajudar a defender suas redes”.
A declaração não informou se o presidente russo, Vladimir Putin, sabia sobre a invasão da pesquisa de vacinas, mas as autoridades britânicas acreditam que essa informação de inteligência seria altamente valiosa.
As autoridades dos EUA denunciaram acusações semelhantes há um mês contra a China. O diretor do FBI, Chris Wray, disse na semana passada: “Neste exato momento, a China está trabalhando para afetar organizações de assistência médica americanas, empresas farmacêuticas e instituições acadêmicas que conduzem pesquisas essenciais sobre covid-19.”
O Kremlin rejeitou as acusações contra a Rússia, de acordo com agências de notícias russas. A TASS citou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, dizendo que a Rússia não tem nada a ver com supostos ataques. A agência RIA citou Peskov, dizendo que o Kremlin rejeitou as acusações de Londres, afirmando que não são apoiadas por evidências adequadas.