O Brasil é reconhecidamente um país de contrastes. Mesmo assim poucas pessoas esperavam pela notícia de que sul-coreanos estão produzindo alimentos orgânicos na Bahia.
Por mais irônico que possa parecer, não se trata de fake news. Na verdade, o local escolhido foi uma fazenda na cidade de Formosa do Rio Preto, município baiano mais distante da cidade de Salvador.
São quase mil quilômetros separando a cidade de 21 mil habitantes da capital baiana. Talvez seja o sossego da região no oeste do estado que tenha chamado a atenção dos sul-coreanos. Segundo relatos de moradores publicados na Carta Capital, a “fazenda deles parece até uma cidade nova”.
Oficialmente, a presença dos asiáticos em terras distantes da Bahia se deu pela escassez de terras na Coreia do Sul, fazendo com que a empresa de alimentos orgânicos Doalnara decidisse expandir sua atuação para o Brasil.
A transação para a compra da fazenda Oásis aconteceu por intermédio da subsidiária brasileira Bom Amigo, que adquiriu cerca de 10 mil hectares da vegetação em 2010 e desde o recebimento da licença ambiental está produzindo alimentos orgânicos em um espaço de mil hectares.
Aproximadamente 500 pessoas, vindas da Rússia, Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão vivem na fazenda. A ideia é receber mais gente. O Oásis é um projeto ambicioso e em sua última colheita rendeu mais de 200 toneladas de alimentos orgânicos.
O trabalho no exterior se beneficia de uma lei aprovada em 2015 e que garante a estabilidade da produção agrícola fora do país. O Ministério da Agricultura da Coreia do Sul diz que as empresas acumularam 76 mil hectares de terra, produzindo mais de 426 mil toneladas de grãos fora de seus domínios só em 2016.
A informação chega em um momento complexo para a produção alimentícia no Brasil. Primeiro foi a aprovação de uma série de medidas, o chamado “pacote de veneno”, que vai liberar ainda mais o uso de agrotóxicos tornando o país o líder absoluto na utilização de pesticidas.
Como se não bastasse, segundo o Hypeness, um projeto aprovado pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados quer proibir a comercialização de alimentos orgânicos em mercearias, mercados e sacolões. O problema é que estes espaços respondem por até 71% das vendas no varejo.
Ciberia // Hypeness
NOTA DE REPÚDIO CONTRA AS INVERDADES SOBRE O USO DE AGROTÓXICOS.
É lamentável que o Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, ainda conviva com tamanho desconhecimento e preconceito em torno do processo produtivo rural. Os ataques ao setor tem sido rotineiros, propagando-se inverdades que denigrem a imagem do produtor rural e os colocam como inimigos do bem-estar social.
Mesmo diante de tantos benefícios que o setor constantemente tem entregado à sociedade e à economia brasileira, fornecendo alimentos seguros à população e matéria-prima para diversas atividades produtivas, o setor rural é atacado por ambientalistas, ONGs e até mesmo artistas e meios de comunicação que, desinformados se limitam a repetir discursos prontos, sem menor critério técnico e atenção à realidade.
Recentemente, estes ataques sem intensificaram em função do debate no Congresso Nacional sobre o PL 3.200/15, que pretende modernizar a legislação de Defensivos Agrícolas no País. Modernizar a Lei de Defensivos significa atualizar as regras criadas em 1989, visando garantir mais segurança à produção de alimentos, e assegurar também que a população brasileira – e até a mundial – tenha comida na mesa nos próximos anos.
Só quem desconhece a Agricultura brasileira e não tem noção de sua dimensão e importância para o mundo, afirma que o Brasil usa agroquímicos de forma exagerada e sem controle. Segundo a FAO e o Banco Mundial, o Brasil aplica 1,16 kg de defensivos agrícolas por hectare, atrás de países desenvolvidos como Alemanha (1,90 kg/ha), França (2,40 kg/ha), Holanda (4,59 kg/ha) e bem atrás do Japão (11,75 kg/ha), por exemplo. Além de abastecer nossa população, o Brasil é um dos maiores fornecedores de alimentos a centenas de países, cumprindo todos os aspectos de segurança que nos dão condições de exportar para estes mercados.
A modernização da legislação não quer destruir o meio ambiente e ameaçar a saúde da população. Pelo contrário, a modernização proposta no texto da lei visa agilizar o registro de defensivos já aprovados em outros países, para que o produtor tenha à disposição moléculas mais eficientes e seguras para uso agrícola, reduzindo o número de aplicações de defensivos para o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas.
Os produtores de grãos de Goiás, representados pela Aprosoja-GO, manifestam repúdio a todas as inverdades que vêm sendo propagadas sobre nosso setor, seja nos programas de televisão de grande alcance ou nas redes sociais. Este veículos deveriam servir para ampliar o acesso a informações reais e disseminar conhecimento, porém muitas vezes só trazem desserviço e alienam seus públicos.
Quem dera pudéssemos contar com metade dos esforços deste segmentos que nos agridem para contribuir com nosso processo produtivo, fomentando o avanço da pesquisa científica e da assistência técnica. Nós produtores continuaremos aqui no campo, trabalhando para sustentar a economia nacional e fornecer produtos de qualidade à população. Merecemos respeito!
Goiânia, 28 de junho de 2018.
Assina a Nota a Diretoria da Aprosoja-GO
Fonte: Aprosoja Goiás
Pergunto, então, porque os senhores, conhecedores do assunto não buscam esclarecer a população usando termos compreensíveis para a maioria. Não apenas análises e dados técnicos. Eu creio que a população desconfia de que isso não seja verdade porque se vê vítima de tantos desmandos.
Há controvérsias.