O Tribunal Administrativo Superior de Berlim-Brandemburgo, na Alemanha, autorizou nesta quinta-feira (20/02) a fabricante americana de carros elétricos Tesla a continuar derrubando uma floresta nos arredores de Berlim para a construção de sua primeira fábrica na Europa.
No fim de semana, a mesma corte havia emitido uma liminar determinando que a empresa suspendesse o corte de árvores enquanto analisava recursos apresentados por grupos ambientalistas, entre eles a associação de proteção ambiental Grüne Liga Brandenburg.
Em comunicado nesta quinta-feira, o tribunal afirmou que rejeitou todos os pedidos de urgência contra a derrubada da floresta e que essa decisão é final.
Em seus protestos, ativistas ambientais alemães argumentaram que a “gigafábrica” da Tesla em Grünheide, no estado de Brandemburgo, planejada para produzir baterias e carros elétricos, afetará a vida selvagem local, bem como o fornecimento de água.
Elon Musk, fundador e CEO da Tesla, rebateu afirmando que a fábrica na Alemanha usará muito menos água num dia típico do que os ambientalistas alegam. Ele acrescentou que a floresta que está sendo desmatada “não é uma floresta natural, mas foi plantada para fabricação de papelão, e apenas uma pequena parte será usada” para a construção da Tesla.
Na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha autorizou a empresa a iniciar a derrubada da floresta para preparar o terreno para sua “gigafábrica”, mas “por sua conta e risco”, já que a empresa ainda não recebeu a licença final para a construção do prédio.
Segundo o ministério alemão, reclamações contra a nova fábrica ainda podem ser feitas até 5 de março e, depois disso, a permissão para a construção será analisada.
A companhia americana planeja derrubar 92 hectares de floresta para sua “gigafábrica”, que deve ser inaugurada em 2021. O plano inicial de Musk é produzir ali 150 mil veículos elétricos por ano, podendo chegar a 500 mil veículos. Estima-se que até 12 mil funcionários sejam contratados.
A Tesla anunciou em novembro passado que construiria sua quarta “gigafábrica” nos arredores de Berlim – atualmente, já existem duas nos Estados Unidos e uma na China –, o que dividiu a opinião de moradores.
Uma área de 300 hectares em Grünheide, numa região conhecida por suas vastas florestas e numerosos lagos e rios, foi vendida à empresa pelo estado de Brandemburgo por 41 milhões de euros (190 milhões de reais).
A liminar que suspendeu a derrubada de floresta no fim de semana dividiu opiniões. Até mesmo membros de legendas ambientalistas chegaram a criticar a tentativa de associações de interromper a construção da fábrica da Tesla.
Em entrevista ao jornal Berliner Zeitung, a política do Partido Verde Ramona Pop disse que “nem sempre você tem que se opor a tudo”. “É um absurdo declarar uma plantação de pinheiros como uma floresta. Precisamos manter alguma perspectiva. O futuro investimento da Tesla precisa ser permitido rapidamente a favor de uma mobilidade limpa e da proteção do clima.”
O ministro da Economia alemão, Peter Altmaier, disse recentemente que a “gigafábrica” em Berlim era um dos mais importantes empreendimentos industriais do estado em muito tempo, além de ser muito importante para o sucesso da transição energética.