A Assembleia Geral da ONU vota nesta quinta-feira (21) uma resolução contra o reconhecimento dos Estados Unidos de Jerusalém como a capital de Israel, votação que originou sérios avisos por parte da administração Trump.
Na véspera da votação, o presidente dos Estados Unidos afirmou que ia anotar os países que votassem a favor do projeto de resolução e ameaçou cortar a ajuda financeira atribuída por Washington.
“Vamos tomar nota dos votos”, disse nesta quarta-feira (20) Donald Trump, em declarações na Casa Branca (Washington). Nas mesmas declarações, o chefe de Estado norte-americano denunciou “todos os países que recebem dinheiro dos EUA e que depois votam contra no Conselho de Segurança”.
“Recebem centenas de milhões de dólares e até bilhões de dólares (…) Deixe que votem contra nós. Vamos poupar muito. Não nos importamos“, reforçou.
Antes disso, o aviso já tinha sido feito por Nikki Haley, embaixadora dos EUA na ONU, que enviou uma carta a todas as delegações da ONU. “Enquanto consideram como votar, quero que saibam que o presidente e os EUA vão levar esta votação a peito“, lê-se no texto, citado pelo jornal português Expresso.
“O presidente vai acompanhar esta votação de perto e me pediu que o informe sobre todos aqueles que votarem contra nós”, acrescentou.
Também no Twitter, Haley deixou bem clara a ameaça: “Na ONU, nos pedem sempre que façamos mais e para darmos mais. Por isso, quando tomamos uma decisão com base na vontade do povo americano, sobre onde sediar a NOSSA embaixada, não esperamos que aqueles que ajudamos nos apontem a mira. Na quinta, haverá um voto a criticar nossa escolha. Os EUA vão tomar nota dos nomes“, escreveu.
Os 193 países-membros da Assembleia Geral da ONU vão votar hoje um projeto de resolução que foi proposto pelo Iêmen e pela Turquia, em nome de um grupo de países árabes e da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI).
O respectivo texto não faz menção específica aos Estados Unidos, mas afirma que qualquer decisão sobre Jerusalém deve ser cancelada.
A votação acontece depois de Washington ter recorrido, na segunda-feira (18), ao seu direito de veto no Conselho de Segurança para impedir a adoção de uma resolução que também condenava a decisão norte-americana.
Ao contrário do que se passa no Conselho de Segurança (os cinco membros permanentes do órgão têm direito de veto), na Assembleia Geral da ONU não há direito de veto e os textos adotados não são vinculativos.
Trump anunciou no dia 6 de dezembro que os EUA reconheciam Jerusalém como capital de Israel e que vão transferir sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.
A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestino, um dos mais antigos do mundo.
Israel ocupa Jerusalém Oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade como a sua capital indivisa. Os palestinos também querem fazer de Jerusalém Oriental a capital de um desejado Estado da Palestina, coexistente em paz com Israel.
Ciberia // ZAP