Um ataque de Donald Trump através do Twitter lançou, nesta sexta-feira (10), a economia turca para uma situação muito próxima do colapso.
Nos últimos meses, os investidores já olhavam de canto para a Turquia. Mas, nesta sexta, as mensagens escritas no Twitter por Donald Trump, anunciando a duplicação das taxas alfandegárias aplicadas às importações de alumínio e aço vindas da Turquia e festejando o fato de a moeda turca estar “deslizando muito rapidamente contra o dólar muito forte”, pioraram ainda mais a situação, provocando fortes reações nos mercados.
Segundo o jornal Público, a lira turca despencou, chegando mesmo a registrar uma depreciação diária face ao dólar de 18%, colocando assim a perda acumulada neste ano perto dos 40%.
Da mesma maneira, as taxas de juros da dívida pública turca aplicadas nos mercados dispararam para os maiores valores dos últimos nove anos. Ambos os indicadores são uma consequência imediata da fuga de investidores.
A depreciação abrupta da moeda pode resultar na perda imediata do poder de compra da população, dado que as importações se tornam mais caras, e pode ainda levar ao surgimento de dificuldades sérias nas empresas que tenham que efetuar compras no exterior ou que tenham se endividado junto de instituições de crédito internacionais.
Por sua vez, o aumento nas taxas de juros da dívida ameaça a capacidade do Estado obter financiamento e pode também se refletir em setores importantes, como os bancos por exemplo.
Mas o cenário que se observa atualmente na Turquia pode se alastrar, havendo ainda o risco de efeitos de contágio no resto da economia mundial. Isto, aliás, explica as quedas registradas nas principais bolsas internacionais na sessão desta sexta.
Conforme explica o Público, o contágio surge por via dos bancos internacionais que emprestaram dinheiro a empresas turcas nos últimos anos.
Com a depreciação brusca da moeda, essas empresas terão agora dificuldades em continuar a pagar créditos em euros ou dólares e os bancos podem ficar com um volume considerável de crédito “incobrável” nas mãos.
O aumento da percepção de risco associada ao investimento em mercados emergentes pode ser outra fonte de problemas, podendo criar problemas em regiões como a Ásia ou América do Sul, muito sensíveis aos cenários de depreciação das suas moedas frente ao dólar.
Esse é mais um capítulo nas tensões entre os Estados Unidos e a Turquia, que têm crescido especialmente desde os pedidos da Turquia de deportação do imã Fethullah Gulen, residente nos Estados Unidos, que o governo turco diz estar por trás do golpe de Estado fracassado em 2016.
Ciberia // ZAP