O presidente norte-americano declarou que os EUA devem continuar lutando no Afeganistão para evitar os “previsíveis e inaceitáveis” resultados de uma retirada rápida do país onde Washington trava uma guerra há 16 anos.
Em discurso à nação em horário nobre na noite desta segunda-feira (21), Donald Trump disse que seu “instinto original era retirar”, aludindo à posição que expressou antes de se tornar presidente de que o Afeganistão era um pântano irresolúvel que requeria uma retirada rápida das tropas norte-americanas.
Desde a tomada de posse como presidente, Trump disse ter concluído que essa abordagem podia criar um vazio e que os terroristas, incluindo a Al-Qaida e o Estado Islâmico, podiam “preencher instantaneamente”. “Concluí que as ameaças de segurança que enfrentamos no Afeganistão e na fronteira na região são imensas”, disse Trump.
O presidente norte-americano defendeu ainda que a nova estratégia no Afeganistão não será baseada em um calendário, mas em condições, afirmando que não irá discutir o número de tropas. “Não vamos falar do número de soldados ou dos planos para novas ações militares (…). Os inimigos da América não devem conhecer nunca os nossos projetos“, afirmou Trump.
Depois do discurso do presidente, o secretário da Defesa norte-americano, Jim Mattis, também defendeu que os EUA e os países aliados estão preparados para aumentar as tropas no Afeganistão.
“Vou consultar o secretário-geral da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e os nossos aliados, mas muitos também se comprometeram a aumentar o número de soldados destacados“, indicou em comunicado, deixando no ar a possibilidade de Washington fazer o mesmo.
Por sua vez, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que a Aliança Atlântica, que intervém no Afeganistão desde 11 de setembro de 2001, a pedido de Washington, nunca deixará o país “se tornar novamente um santuário para terroristas que atacariam os nossos próprios países”.
“O nosso objetivo é garantir que o Afeganistão nunca mais se torne um santuário para os terroristas“, disse em comunicado.
Talibãs respondem a Trump
“Se os Estados Unidos não retirarem as tropas do Afeganistão, o país vai rapidamente se tornar um novo cemitério para a superpotência do século XXI. Os dirigentes norte-americanos devem saber disto”, avisaram os talibãs em comunicado.
Atualmente, 8.400 militares norte-americanos estão no Afeganistão. Os EUA chegaram a ter cem mil tropas no país durante a administração de Barack Obama, em 2010-2011.
Cerca de 2.400 soldados morreram desde 2001, e mais de 20 mil ficaram feridos.
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