Contrariando seu posicionamento dos últimos meses, presidente dos Estados Unidos defende uso da proteção e afirma que voltará a conceder entrevistas coletivas diárias para informar sobre a situação do coronavírus.
Contrariando seu discurso e posicionamento nos últimos meses em relação à pandemia de covid-19, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (20/07) que usar máscaras é um ato “patriótico”.
“Estamos unidos em nosso esforço para derrotar o vírus invisível da China, e muitas pessoas dizem que é patriótico usar uma máscara quando não se pode fazer distanciamento social. Não há ninguém mais patriótico do que eu, seu presidente favorito”, escreveu Trump em sua conta no Twitter, acrescentando à mensagem uma foto sua usando máscara.
A imagem é de 11 de julho, quando Trump visitou o hospital militar Walter Reed, nos arredores de Washington, e apareceu em público pela primeira vez com a proteção desde o início da pandemia.
Na ocasião, o presidente disse que as máscaras “têm um tempo e um lugar adequado” e que ele concordou em usá-la porque estava visitando um hospital, mas não revelou se continuaria a usá-las em outras circunstâncias.
Desde o começo da pandemia, Trump vem minimizando a gravidade da doença, se opondo a medidas de confinamento e desrespeitando a orientação do uso de máscara. Muitos de seus apoiadores acreditam que, quando são forçados a usá-la, têm a liberdade individual violada.
No entanto, em meio a uma escalada no número de casos do novo coronavírus nos estados do sul e do oeste –incluindo alguns redutos republicanos –, Trump foi pressionado a mudar o discurso.
As principais autoridades médicas do país, apoiadas por várias figuras republicanas, dizem que o uso de máscaras é crucial para ajudar a deter a doença. Além disso, seu provável rival democrata nas eleições presidenciais de novembro, Joe Biden, usa máscara em público há meses.
Trump se recusou a traçar uma estratégia nacional para lidar com o coronavírus e recebeu muitas críticas, refletidas nos resultados de pesquisas eleitorais. Biden está nove pontos percentuais à frente em número de intenções de voto, de acordo com levantamento do site Real Clear Politics.
Em termos absolutos, os Estados Unidos continuam sendo o país mais afetado pela pandemia, com mais de 3,8 milhões de casos e mais de 140,8 mil mortes, de acordo com a dados da Universidade Johns Hopkins.
Como parte de sua mudança de discurso, Trump anunciou nesta terça-feira que voltará a conceder entrevistas coletivas diárias para informar sobre a situação do coronavírus. No início da pandemia, isso era comum, mas os eventos foram interrompidos há três meses, quando alguns estados começaram a reabrir suas economias.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro segue a mesma linha de Trump, minimizando a doença e aparecendo sem máscara em público. O mandatário brasileiro, no entanto, não deixou de ser criticado pelo americano, que no começo de junho citou o Brasil como exemplo negativo de combate à covid-19.