Trump ignora pandemia e retoma campanha eleitoral

Brandon Dill / EPA

Campanha do presidente exige “isenção de responsabilidade” dos apoiadores caso sejam contaminados pelo coronavírus nos eventos, e gera nova polêmica ao escolher dia da abolição da escravidão para retomada dos comícios.

As pessoas que comparecerem aos próximos eventos de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que concorre à reeleição, devem assinar um termo de isenção de responsabilidade, através do qual se comprometem a não entrarem na Justiça contra os organizadores caso sejam contaminados pelo novo coronavírus durante os comícios.

A informação apareceu nesta quinta-feira (11/06) no portal de internet da campanha de Trump. Na última quarta-feira, o presidente anunciou que iria retomar os eventos de campanha em quatro estados do país – Oklahoma, Florida, Arizona e Carolina do Norte – após meses de uma paralisação forçada pela pandemia de covid-19, que ainda continua a avançar no país.

A doença já matou mais de 113 mil pessoas nos EUA, que acumulam mais de 2 milhões de casos desde o início da pandemia. Após o relaxamento das medidas de prevenção em alguns estados, as infecções voltaram a aumentar na Flórida, Arizona e na Carolina do Norte, onde o presidente americano fará um de seus eventos de campanha. O primeiro comício de Trump após a paralisação será em Tulsa, no Oklahoma, no dia 19 de junho.

“Ao clicar no registro abaixo, você reconhece que o risco inerente de exposição à covid-19 existe em qualquer lugar público onde pessoas estejam presentes”, afirma o portal da campanha republicana.

“Ao comparecer ao comício, você e seus convidados assumem voluntariamente todos os riscos de exposição à covid-19 e aceitam isentar a campanha de Trump, ou qualquer um de seus afiliados, empresas contratadas ou funcionários, de qualquer responsabilidade”, diz o termo de isenção.

O portal não recomenda nenhuma medida para controlar a disseminação do vírus, como o uso de máscara por parte dos participantes.

O evento de Tulsa vem gerando controvérsias em um momento em que o país atravessa semanas de protestos contra o racismo e a violência policial, que se seguiram à morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos, após ser brutalmente detido por policiais brancos em Minneapolis, no dia 25 de maio.

A cidade foi palco de um massacre ocorrido em 1921, quando uma revolta de parte da população branca resultou na morte de centenas de afro-americanos em um bairro negro. Além disso, a data de 19 de junho marca o Dia da Liberdade, quando se comemora a abolição da escravidão no país, ocorrida no ano de 1865.

A senadora da Califórnia Kamala Harris, cotada para concorrer à vice-presidência pelo Partido Democrata ao lado de Joe Biden, classificou o evento de campanha como uma “festa de boas-vindas” para os defensores da supremacia branca.

O congressista Al Green, que integra o grupo de parlamentares negros no Congresso americano, afirmou que as escolha da data para o evento de campanha de Trump é “mais que um tapa na cara dos afro-americanos, é racismo explícito vindo do cargo mais alto do país”.

A Casa Branca afirma que o Dia da Liberdade é uma “data importante” para Trump, que pretende aproveitar a ocasião para celebrar os progressos para a comunidade negra no país. O adversário de Trump, Joe Biden, ainda não anunciou nenhum evento de campanha.

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