Presidente dos EUA fez anúncio menos de 48 horas depois de seu próprio governo ter concedido autorização para a importação de marfim e cabeças de elefantes por caçadores americanos
Donald Trump mudou de ideia. Diante de uma enxurrada de críticas, o presidente dos EUA resolveu suspender na sexta-feira à noite (17) a autorização para que “troféus de caça” de elefantes abatidos na África pudessem ser importados por caçadores americanos.
O anúncio foi feito pelo próprio presidente em sua conta no Twitter, e ocorreu menos de 48 horas depois de seu próprio governo ter concedido a autorização, que revertia uma política do ex-presidente Barack Obama adotada em 2014 para conter o tráfico de marfim.
Na manhã de sexta-feira, o Serviço de Vida Selvagem dos Estados Unidos tinha anunciado, em comunicado, que iria voltar a permitir que os elefantes africanos do Zimbábue e Zâmbia sejam trazidos como troféus, e que, com isso, iria conseguir recolher fundos para programas de conservação de espécies.
“A caça esportiva legal e bem regulamentada, como parte de um programa de gestão, pode beneficiar determinadas espécies, proporcionando incentivos às comunidades locais para conservar essas espécies e colocando receitas tão necessárias de volta à conservação”, lê-se no comunicado.
A informação relativa à decisão dos EUA foi divulgada na página de um conhecido fórum sul-africano de caça, o Club International Foundation, que, juntamente com a National Rifle Association, batalhou para conseguir que a lei de Obama fosse anulada.
Trump agora afirma que pretende suspender a autorização para a importação até analisar o assunto. “Coloquei a caça em espera enquanto reviso todos os aspectos de conservação”, disse o presidente.
O fim da proibição da importação permitiria que cabeças de elefantes, presas de marfim e outras partes dos animais chegassem legalmente aos EUA. O anúncio original que concedia a autorização foi divulgado na quinta-feira (16/11) e partiu da US Fish and Wildlife Service (USFWS), uma das agências do governo americano.
Um comunicado da agência disse que “a caça esportiva legalizada e regulada como parte de uma administração consistente pode beneficiar a conservação de certas espécies ao prover incentivos às comunidades locais”.
Mas a medida imediatamente provocou repúdio entre ambientalistas e ONGs, já que a população de elefantes vem caindo na África nos últimos anos e os animais constam em listas de espécies ameaçadas de extinção. Entre 2007 e 2014, o número de elefantes no continente registrou queda de 30%.
Membros da base republicana de Trump também criticaram a medida. O deputado Ed Royce, um membro do Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara dos Representantes, disse que a autorização era “uma decisão errada num momento errado”.
“Os elefantes e outros grandes animais da África são uma ‘moeda de sangue’ para as organizações terroristas e estão sendo mortos num ritmo alarmante”, afirmou Royce, em nota.
Ciberia // Deutsche Welle