A União Europeia quer estabelecer um sistema de passaportes para vacinados contra covid-19 ainda antes de suas férias de verão, no meio do ano. O setor turístico é fundamental para várias economias do bloco, sobretudo do sul europeu.
O assunto foi tratado na noite de quinta-feira (25/02), numa cúpula virtual de líderes da UE. Os políticos utilizaram a reunião para discutir abordagens para acelerar a entrega de vacinas, o uso de passaportes para vacinados e o potencial de conflito decorrente do fechamento de fronteiras nacionais.
Mas a notícia mais importante saída da reunião foi a de que há uma convergência cada vez maior em torno do conceito de um passaporte para vacinados na Europa. Só que elaborar um sistema para centenas de milhões de pessoas, como admitiu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pode demorar meses ainda.
Estados do sul da UE, como Grécia, Espanha e Itália – todos fortemente ou inteiramente dependentes do turismo – acreditam que o passaporte para vacinados poderia facilitar as viagens aéreas, ajudando-os a evitar a repetição da economicamente desastrosa temporada de férias de verão do ano passado.
Os países do norte, como a Alemanha, têm sido relutantes em comprar a ideia totalmente, em meio a preocupações sobre discriminação e dúvidas em relação até que ponto os cidadãos que foram vacinados ainda podem transmitir o vírus.
Merkel: “Precisamos de um certificado de vacinação”
Em entrevista coletiva, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que há consenso em torno do passaporte de vacinação, mas não exatamente sobre como eles poderiam ser usados.
“Todos concordaram que precisamos de um certificado digital de vacinação”, disse a chanceler alemã.
Ela confirmou que os certificados poderiam estar disponíveis no verão, já que o bloco precisa de três meses para criar uma estrutura técnica.
Mas enfatizou que a criação dos certificados “não significa que somente aqueles que têm um passaporte de vacinação poderão viajar”.
Von der Leyen, por sua vez, citou o trabalho de Israel de rastrear e documentar o histórico de vacinação da população com o chamado “passaporte verde”, ao mesmo tempo em que enfatizou a importância de manter a funcionalidade do mercado único europeu.
Embora ainda não haja unanimidade sobre que tipo de cartão ou cartões de vacinação podem ser usados e reconhecidos em todo o bloco, Von der Leyen disse que a Comissão Europeia já está trabalhando para criar um “portal para a interoperabilidade entre as nações”.
Von der Leyen ressaltou que os Estados-membros terão que “agir rapidamente” se quiserem que o programa seja implementado até o verão.
Restrições nas fronteiras
Os 27 líderes concordaram na quinta-feira que as restrições às viagens não essenciais devem permanecer por enquanto.
Mas uma questão mais polêmica em discussão foi a fronteira interna. A Comissão Europeia repreendeu Alemanha, Bélgica, Hungria, Dinamarca, Suécia e Finlândia no início desta semana por fechar as fronteiras para os vizinhos dentro da área de livre-circulação da UE, numa tentativa de frear a propagação de novas variantes do coronavírus.
Em vez de recorrer a fechamentos unilaterais, o órgão executivo da UE está pressionando os Estados-membros a se ater às regras de viagem estabelecidas dentro do bloco, com base em avaliações de risco pontuais compartilhadas pelos países.
Ciberia // Deutsche Welle