Autoridades alertam para quarta onda da covid-19 no país, com aumento de mortes e sobrecarga nos hospitais. Regiões com baixos índices de vacinação já são as mais afetadas. Governo cogita restrições para não imunizados.
As principais autoridades de saúde da Alemanha afirmaram nesta quarta-feira (03/11) que o país já entra na quarta onda da pandemia de covid-19 e alertaram para os riscos que isso representa para as pessoas não vacinadas.
Jens Spahn, ministro alemão da Saúde, e Lothar Wieler, diretor do Instituto Robert Koch (RKI), a agência de controle e prevenção de doenças do país, disseram que os números defasados da vacinação e a desobediência aos protocolos de saúde são os responsáveis pelo recente aumento de casos.
“Se não agirmos, essa quarta onda trará um alto grau de sofrimento. Muitas pessoas ficarão gravemente doentes e morrerão, e os serviços de saúde ficarão novamente sob pressão extrema”, disse Wieler.
Nos últimos meses, a vida no país voltou, em grande parte, ao normal, com o alívio de restrições e a permissão para a realização de eventos de grande porte.
Isso foi possível através de regulamentações que exigem comprovação de vacinação ou de recuperação da doença, ou ainda a apresentação de testes com resultados negativos, em locais como casas noturnas, restaurantes, estádios e bares.
Os dados mais recentes do RKI confirmam 20.398 infecções nas últimas 24 horas, com 194 mortes em razão da doença. O número de casos por 100 mil habitantes em um período de sete dias chegou a 146, o mais alto desde maio.
“Pandemia dos não vacinados”
“A pandemia está longe de acabar”, alertou Spahn. O ministro disse que, no momento, o país vive uma “pandemia dos não vacinados”.
“A quarta onda está a todo vapor”, alertou, ao destacar que o número de pacientes nas UTIs em algumas regiões do país aumenta de maneira preocupante, especialmente em locais onde os índices de vacinação são mais baixos.
O ministro recomendou que os estados do país adotem medidas que incluem a melhora na verificação do status de vacinação das pessoas em locais públicos e maior rigor na realização de testes em casas de repouso e centros de saúde. Ele pediu também a disponibilização de uma quantidade maior das doses de reforço para a população.
Spahn ainda considera baixo o índice de vacinação na Alemanha, mesmo com mais de 66% da população do país com esquema vacinal completo.
Uma pesquisa recente aumentou essas preocupações, ao revelar que 65% dos não vacinados não pretendem receber a vacina contra o coronavírus nos próximos dois meses. Outros 23% afirmaram que “provavelmente não o farão”. Apenas 2% disseram que planejam tomar a vacina, mas ainda não conseguiram.
Restrições para pessoas não vacinadas
“Se a situação nos hospitais se agravar […] poderá haver restrições aos não vacinados”, afirmou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert. Uma possibilidade é que essas pessoas não poderão mais frequentar locais públicos apenas com a apresentação de testes com resultado negativo.
“Não se trata de ‘bullying’ de vacina”, disse Spahn, “mas sim de evitar uma sobrecarga no sistema de saúde.” O ministro, contudo, assegurou que o governo federal não planeja reintroduzir os lockdowns ou impor restrições de contato para as pessoas vacinadas ou curadas da covid-19.
Nestas quinta e sexta-feira, os governadores dos 16 estados alemães se reunirão para decidir quais medidas deverão ser adotadas. Na Alemanha, as decisões sobre os protocolos de saúde cabem aos governos estaduais.