Quem vê um coral desses no fundo do mar se maravilha com sua exuberância. O que não sabe é que esse tipo de espécie, conhecida como coral sol, é predadora no Oceano Atlântico e invade cada vez mais a Amazônia Azul, comprometendo a vida de outros corais nativos, peixes e outros animais que vivem na costa nacional.
Em Alcatrazes, arquipélago que fica a 43km da costa da cidade de São Sebastião (SP), a espécie invasora tem afetado a Unidade de Conservação, levando os pesquisadores da região desde 2013 à realização de uma série de expedições para retirada do coral.
Neste mês, foi realizada mais uma dessas expedições, com a participação de 20 pessoas, entre voluntários e funcionários do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do WWF-Brasil e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ao todo, foram retirados do fundo do mar 20 mil colônias de coral sol durante cinco dias, entre os dias 6 e 10 de janeiro.
As espécies que vem surgindo em Alcatrazes são do tipo Tubastraea tagusensis, de origem equatorial, e Tubastraea coccinea, vinda do Indo-Pacífico. Ambas têm alto poder danoso ao meio ambiente, já que roubam o espaço e os subsídios de outros corais, dificultando a vida de diferentes tipos de espécies marinhas.
O mal é causado porque as espécies estrangeiras são mais competitivas que as nativas, conseguindo alastrar-se com mais facilidade no ambiente. Assim, a expedição busca retirar o coral sol do oceano para que as espécies locais ganhem tempo para se adaptar com a invasora.
Arquipélago de Alcatrazes
Em um dos cenários mais paradisíacos do Brasil, onde a pesca é proibida e um dos poucos usos públicos a ser permitido é o turismo de mergulho, está o Núcleo de Gestão Integrada ICMBio Alcatrazes, NGI Alcatrazes, dividido entre a Estação Ecológica Tupinambás e o Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes.
Ambos prezam pela conservação da biodiversidade do arquipélago por meio de diferentes objetivos.
A Estação Ecológica é uma área de abrigo, reprodução e alimentação da biodiversidade marinha local, permitindo a realização controlada de visitas apenas com objetivos educacionais e pesquisa científica. Em suas águas, que totalizam cerca de 3 mil hectares, é possível encontrar espécies ameaçadas de extinção, como a toninha e a raia-viola.
Já no Refúgio, estão protegidas as espécies marinhas ameaçadas e migratórias, como as aves marinhas do arquipélago. São ao todo 91 espécies, sendo 12 ameaçadas de extinção.
Juntas as áreas, por não permitirem pesca, possibilitam que muitas espécies comerciais de peixe sobrevivam e repovoem seu entorno, garantindo a subsistência de muitas comunidades de pescadores artesanais.
Unidade de Conservação
A importância de proteger o arquipélago é tanta que, durante a expedição realizada neste mês, foram autuados dois barcos fazendo uso irregular da Unidade de Conservação. Ou seja, além de auxiliar a biodiversidade de toda a região, obtendo maior controle de espécies invasoras como o coral sol, a expedição ajuda na fiscalização do espaço.
Para isso, o NGI Alcatrazes conta com o apoio de voluntários, que ajudam a disseminar a importância da conservação desses ambientes. Quem quiser participar do processo, basta entrar em contato pelo telefone (12) 3892 4427 ou e-mail ngi.alcatrazes@icmbio.gov.br.
Programa Marinho
O WWF-Brasil atua no Arquipélago de Alcatrazes em parceria com o ICMBio por meio do Programa Marinho.
Entre suas responsabilidades está o apoio à gestão das Unidades de Conservação que compõem o Núcleo de Gestão Integrada ICMBio Alcatrazes, no Litoral Norte de São Paulo, por meio de atividades voltadas para a conservação da biodiversidade, para a comunicação e o engajamento da sociedade e para o fortalecimento das UCs marinhas e costeiras.
Se você quer saber mais sobre o Núcleo de Gestão Integrada do ICMBio em Alcatrazes, acesse o guia de Alcatrazes aqui.
// WWF