39% das brasileiras já foram submetidas a alguma violência sexual

ESPM / APAV

"O Silêncio Magoa", trabalho contra a violência doméstica de alunos da ESPM de São Paulo para a APAV, Associação Portuguesa de Proteção à Vítima.

“O Silêncio Magoa”, trabalho contra a violência doméstica de alunos da ESPM de São Paulo para a APAV, Associação Portuguesa de Proteção à Vítima.

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (12) pelo Instituto Patrícia Galvão apresenta dados inéditos sobre a situação da violência sexual contra as mulheres no Brasil.

De acordo com os dados coletados, 39% das mulheres entrevistadas afirmaram já terem sido pessoalmente submetidas a algum tipo de violência sexual o que, segundo o Instituto, aponta para uma estimativa de 30 milhões de brasileiras vítimas de violência sexual.

O estudo, “Violência Sexual – Percepções e comportamentos sobre violência sexual no Brasil“, foi realizado pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Instituto Locomotiva de pesquisa, e está disponível na íntegra para consulta online.

O levantamento contou com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres e da Campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha e coletou uma amostra de 1.000 pessoas maiores de idade, entrevistadas em 70 municípios das cinco regiões brasileiras, entre os dias 6 e 19 de julho de 2016.

Os resultados expõem contradições entre as opiniões dos entrevistados: enquanto a culpabilização de mulheres vítimas de estupro continua presente, os questionamentos em relação ao machismo têm ganhado maior percepção da população.

Enquanto 96% concordam que é preciso ensinar os homens a respeitar as mulheres e não as mulheres a ter medo e 69% das brasileiras relacionam a violência sexual ao machismo, o estudo mostra que para 42% dos homens as mulheres provocam a violência.

Já para 67% dos brasileiros e brasileiras, o homem comete a violência sexual porque ‘não consegue controlar seus impulsos’; para 58%, a violência acontece porque o homem bebe ou usa drogas; e para 32% os agressores têm problemas mentais.

Em relação a punição dos agressores sexuais, 76% das mulheres e 67% dos homens consideram que a impunidade é o principal motivo que leva um homem a cometer uma violência sexual contra uma mulher.

O estudo mostra também que a percepção dos brasileiros sobre as definições de violência sexual tem crescido. Segundo os dados, 97% das mulheres e homens consideram que sexo sem consentimento sempre é estupro, e o mesmo percentual concorda que em qualquer hipótese, “sóbria, chapada, vestida ou pelada”, nenhuma mulher merece ser estuprada.

No caso das relações consentidas, 78% das mulheres e 74% dos homens consideram que ter relação sexual sem preservativo, porque o parceiro não aceita, configura violência sexual. Em relação a divulgação de fotos e vídeos íntimos sem autorização da parceira, 94% das mulheres e 91% dos homens consideram o ato como violência sexual.

Praticamente metade da população (49%) avaliou que a maior parte dos estupros acontecem em casa, enquanto 64% concordaram que o estuprador pode ser muitas vezes um colega de escola ou de trabalho. Quanto ao papel da mídia na violência, 74% acreditam que a mídia reforça comportamentos desrespeitosos com as mulheres.

Apesar dos questionamentos sobre a violência sexual terem crescido no país, o número de homens que assumem ter praticado violência ainda são altos. Diante de uma lista de situações que designam a violência sexual, 18% dos homens reconheceram já terem praticado algum item.

Ao mesmo tempo, 55% dos entrevistados afirmam conhecer alguma mulher que já foi vítima de violência sexual ou ter presenciado alguma agressão.

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