O México anunciou no fim de outubro uma das maiores descobertas de corpos enterrados em túmulos clandestinos no país, mais especificamente em Guanajuato, o Estado mexicano mais violento.
A chefe da Comissão Nacional de Busca de Pessoas (CNBP), Karla Quintana Osuna, afirmou que os restos mortais de 59 pessoas foram encontrados em várias valas no município de Salvatierra. Novas descobertas não estão descartadas.
“Temos ainda mais pontos possíveis com os quais continuaremos trabalhando aqui até terminarmos o trabalho (…). Vamos localizar todas as meninas e todos os meninos de quem sentimos falta”, disse ela a jornalistas.
Segundo Osuna, informações preliminares apontam que a maioria dos cadáveres é de homens, e ao menos dez são de mulheres.
Os restos mortais ainda não foram identificados. Não há, até o momento, nenhuma informação sobre como e quando eles foram enterrados ali.
Os trabalhos de busca começaram no dia 20 de outubro depois que as autoridades receberam denúncias de familiares de desaparecidos, informando sobre a área onde eles poderiam estar enterrados.
Três suspeitos foram presos sob acusação de elo com desaparecimentos na região, mas ainda não está clara a relação entre eles e os corpos encontrados.
“Definitivamente esta é a maior (descoberta) desde a criação da comissão no Estado”, disse o chefe da Comissão Estadual de Buscas, Héctor Díaz Esquerra.
Homicídios e desaparecidos
Guanajuato é o Estado mais violento do México desde 2018, principalmente devido ao confronto sangrento entre o cartel Jalisco Nueva Generación e o cartel Santa Rosa de Lima, cujo líder José Antonio Yépez, el Marro, foi preso em agosto.
Nos primeiros nove meses deste ano, 3.438 pessoas morreram vítimas de homicídios dolosos, cifra bastante superior ao Estado da Baja California, que registrou 2.179 assassinatos e ocupa o segundo lugar no relatório mais recente do Ministério da Segurança do México.
Até fevereiro de 2019, dados oficiais contabilizaram 40 mil pessoas desaparecidas, 1,1 mil covas clandestinas e 26 mil corpos sem identificação nos necrotérios do país.
À época, o subsecretário de Direitos Humanos da Segob, Alejandro Encinas, disse que o México se tornou “uma enorme cova clandestina”. O problema se agrava porque, segundo dados oficiais, investigações policiais no México só conseguem apontar a autoria de 5 em cada 100 assassinatos.
A Comissão Nacional de Busca de Pessoas apontou em outubro que Guanajuato é o segundo Estado com maior número de desaparecidos (1.216), atrás apenas de Jalisco.
No final de setembro, também em Guanajuato, foram encontrados 17 sacos plásticos com restos humanos no município de Irapuato.
// BBC