Nunca se falou tanto sobre a possibilidade de o fim do mundo estar próximo. Uma empresa tecnológica norueguesa já está se preparando para esse cenário e criou um arquivo de dados no “lugar mais seguro do planeta” para garantir que, pelo menos essa informação, sobreviverá ao apocalipse.
A tecnológica Piql construiu o Arctic World Archive, um repositório de dados situado em uma antiga mina da ilha Svalbard, na Noruega, 300 metros abaixo do solo. Assim, fica garantido que, pelo menos, os dados conseguirão sobreviver a um inevitável apocalipse.
Já tinha sido notícia o Global Seed Vault, uma espécie de arca que contém cerca de um milhão e meio de sementes, de diferentes espécies, com o objetivo de preservar a sua diversidade, no caso de um desastre em grande escala.
Situado na mesma montanha e mina, o Arctic World Archive tem um objetivo semelhante mas, em vez de sementes, protege dados.
A Piql, cujo nome é uma referência a um pickle e à sua conserva em vinagre, afirma que os dados, depois de guardados no cofre, serão mantidos em segurança durante por pelo menos 500 anos, podendo mesmo chegar aos 1.000 anos.
“Desenvolvemos uma nova tecnologia única para a preservação de longo prazo de dados digitais para futuras gerações”, destaca a diretora do projeto, Katrine Thomson, em declarações ao Digital Trends.
A mina em que o cofre está situado tem “condições perfeitas, entre 5 a 10 graus centígrados negativos, e a quantidade certa de umidade” para que um projeto destes tenha sucesso, garante Katrine Thomson.
Os dados a serem preservados são enviados para a empresa, onde são processados e convertidos para um formato de filme analógico fotossensível.
Acredita-se que, apesar da revolução digital, o formato analógico é o mais “resistente” ao futuro, nomeadamente porque não requer comportamentos como atualizações de sistema. É algo mais básico.
Depois de guardados, é impossível alterar os dados, garante a Piql. No entanto, podem ser visualizados a pedido da entidade proprietária. Mas este processo não é instantâneo – por razões de segurança, o repositório não está ligado à internet, de forma a prevenir eventuais situações de hacking.
Após serem recolhidos, os dados são transformados e enviados por fibra óptica.
“Quando se quiser recuperar os dados no futuro, simplesmente é feito o scan do filme, usando um dos nossos scanners ou alguma luz amplificadora e um meio de a capturar, como em uma câmara e se obtêm os dados de volta”, explica Thomson.
“Podemos armazenar todo tipo de dados, desde imagens e sons a texto“, acrescenta Katrine Thomson, notando que as informações a preservar podem ser enviadas para a empresa através da internet ou de qualquer outro método de armazenamento.
“A longo prazo, a nossa solução é muito mais acessível do que outras soluções de armazenamento digital, onde as pessoas têm que, continuamente, migrar os dados”, sublinha ainda a directora do projecto.
“O lugar mais seguro do planeta”
A localização do Arctic World Archive oferece ainda outras vantagens. Além de se encontrar em uma ilha remota, é uma zona desmilitarizada, por via de um tratado internacional assinado por 42 países, depois da Segunda Guerra Mundial, havendo assim a segurança de que o cofre não pode ser manipulado ou atacado.
O cofre também está protegido contra ataques nucleares, pelo que a empresa diz que estamos falando do “lugar mais seguro do planeta para uma Embaixada digital”.
Disponível desde 27 de Março deste ano, os governos de Brasil, México e Noruega foram os primeiros clientes da já chamada “Biblioteca do Apocalipse”. O Brasil teria guardado no cofre documentos sobre a Constituição, enquanto os mexicanos teriam preservado dados históricos que remontam ao tempo dos incas.
// ZAP