O novo sistema presidencialista sugerido pelo chefe de Estado, Recep Tayyip Erdogan, venceu o referendo neste domingo na Turquia com 51,3% dos votos, no momento em que a apuração das urnas alcançou 98% e a oposição já denuncia manipulação eleitoral. As informações são da agência de notícias EFE.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, confirmou a vitória do “sim” no referendo constitucional feito neste domingo (16), o que transferirá todo o Poder Executivo ao chefe de Estado. As informações são da agência de notícias EFE.
“Hoje a Turquia tomou uma decisão histórica em um debate que dura 200 anos e que é uma mudança muito séria em nosso sistema administrativo”, disse o presidente em um discurso em Istambul.
“É sempre difícil defender uma mudança, e fácil manter o status quo, mas graças a Deus tivemos sucesso. Foram reformados apenas 18 artigos [da Carta Magna], mas as mudanças serão muito profundas”.
Erdogan também expressou seu agradecimento ao primeiro-ministro, Binali Yildirim, dirigente do governante Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), que ele mesmo liderou até 2014, e também a Devlet Bahçeli, líder do direitista Partido de Ação Nacionalista (MHP), que respaldou a reforma apesar de uma forte oposição dentro sua legenda.
“A partir de amanhã, ao invés de nos metermos em discussões inúteis, devemos trabalhar. Os países estrangeiros também devem respeitar o resultado”, disse o presidente turco.
Perante uma multidão que gritava seu nome, Erdogan voltou a prometer que, se o Parlamento aprovar, ratificará a reintrodução da pena de morte, e, se não houver uma maioria suficiente no Legislativo, convocará um referendo.
A União Europeia (UE) deixou claro que, se Turquia reintroduzir a pena de morte, daria por concluído o processo de adesão do país, pois ofenderia uma das condições para ser membro do bloco.
Por fim, Erdogan lembrou que as mudanças aprovadas entrarão em vigor em 2019, ao final das próximas eleições gerais e presidenciais, e disse que, “até então, todo mundo tem tempo de preparar-se”.
“Estamos unidos. Todo mundo nos atacou. Vocês têm visto como o Ocidente nos atacou, mas não nos dividiram, enchemos as urnas”, disse Erdogan perante seus seguidores.
O voto a favor do novo sistema presidencialista, que dá mais poderes a Recep Erdogan, e abre o caminho para que o presidente possa governar até 2034.
Os defensores da reforma sustentam que esta daria estabilidade ao país e melhoraria o crescimento econômico e a segurança, enquanto a oposição teme que Turquia se converta em uma espécie de ditadura devido aos enormes poderes que seriam atribuídos ao presidente.
Após a divulgação dos resultados, Erdal Aksünger, porta-voz do CHP, Partido Republicano do Povo, o maior da oposição, que fez campanha contra a reforma, declarou à imprensa que seu partido impugnará 37% das urnas apuradas, porque há “muita manipulação”.
Uma das maiores preocupações da oposição é o comunicado da Junta Suprema Eleitoral que permitiu considerar válidas na contagem as papeletas não previamente seladas pela equipe da mesa eleitoral, o que abre a porta para manipulações na avaliação dos opositores de Erdogan.
“Dizem que são válidas as papeletas e envelopes sem selo oficial. Isso é ilegal. Isso quer dizer que podem ser trazidos votos de fora”, disse à imprensa o vice-presidente do CHP, Bülent Tezcan.