A República em Movimento (LREM), partido do presidente da França, Emmanuel Macron, terá maioria absoluta na Assembleia Nacional, câmara baixa do Parlamento. O resultado das eleições deste domingo (18) mostra a sigla com 361 das 577 cadeiras do Legislativo, número muito superior ao necessário para aprovar projetos (289).
Os Republicanos, segundo as projeções, terá a segunda maior bancada, com grande distância de Macron, ao obter 126 cadeiras. Os resultados mostram assim um amplo triunfo do LREM, ainda que com vantagem inferior à prevista nas pesquisas de intenção de voto ao longo da última semana.
O Partido Socialista, do ex-presidente François Hollande, que controlava a maioria na Assembleia Nacional, ficará a partir de agora com 46 deputados junto a seus aliados ecologistas.
Já o França Insubmissa, de Jean-Luc Mélénchon, conseguiu formar uma bancada parlamentar própria (para isso, eram necessárias 15 cadeiras), ao obter 26 assentos.
Já a ultradireitista Frente Nacional, de Marine Le Pen, não alcançou, de novo a meta de ter bancada própria, ao obter 8 cadeiras.
O segundo turno do pleito foi marcado pela altíssima abstenção, com participação, ainda sem confirmação oficial, em torno de 42% dos eleitores, o que estabeleceria um recorde negativo na V República, fundada em 1958.
Fim da dicotomia
Com o resultado, acaba a dicotomia entre Socialistas e Republicanos, que dominaram a política francesa desde a fundação da V República, em 1958. Os números abriram crises em ambos os partidos.
Os conservadores mostraram fraturas internas importantes. Alguns dos candidatos do partido fizeram campanha afirmando estarem dispostos a trabalhar com a maioria que apoia o presidente. Outros anunciaram que farão uma oposição frontal e sem compromissos ao governo de Macron.
“É o fim de uma época. Nossos candidatos foram derrotados porque parecemos mais próximos à França de ontem do que à de amanhã. Temos que reconstruir tudo, do chão ao teto”, afirmou uma das lideranças do partido, Valérie Pécresse.
Um cenário semelhante podia ser observado na sede do Partido Socialista, que conseguiu obter um resultado melhor do que o esperado e terá por volta de 45 deputados na Assembleia Nacional. O líder do partido, Jean-Christophe Cambadélis, apresentou sua renúncia e anunciou que uma junta diretiva comandará os socialistas.
O melhor exemplo do tamanho da derrota dos socialistas é que a imensa maioria dos ministros que fizeram parte dos governos de François Hollande ficou de fora do parlamento. Uma das três exceções foi o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, que conseguiu a vitória por apenas 139 votos. Sua adversária, no entanto, anunciou que vai tentar impugnar o resultado.
Mélechon sai fortalecido do pleito. Após uma campanha que encostou nos líderes – pesquisas chegaram a colocá-lo às vias de ir ao segundo turno -, o líder do França Insubmissa tentará se credenciar como líder oposicionista na Câmara.
Segundo ele, a alta abstenção nestas eleições legislativas tem um grande “significado político”, que mostraria que, apesar da maioria no Parlamento, as reformas de Macron não têm apoio irrestrito da população.