Os primeiros resultados do segundo turno das eleições regionais na França, realizado neste domingo, confirmam a derrota do Partido A República em Marcha (LREM), do presidente Emmanuel Macron, e da Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen. Os dados indicam que todos os atuais chefes de regiões que representam partidos tradicionais – o Socialista e o Republicanos -, foram reeleitos. Como no primeiro turno, a taxa de abstenção foi alta, de cerca de 65%.
O primeiro turno, no domingo (20) da semana passada, teve um recorde de mais de 66% de abstenção. O segundo turno conseguiu mobilizar pouco mais de 1% do eleitorado e a taxa de participação foi a menor registrada desde 1986.
Cerca de 48 milhões de eleitores estavam aptos a votar, para escolher os 13 executivos regionais, além dos representantes dos departamentos franceses. A votação aconteceu a 10 meses das eleições presidenciais francesas e foi vista como um termômetro para 2022.
Direita tradicional sai reforçada
O partido de extrema direita RN, da líder Marine Le Pen, tinha chances de ganhar em apenas uma região, a Provence-Alpes-Côte d’Azur, mas perdeu o duelo do segundo turno para o atual chefe.
Renaud Muselier, do Republicanos (LR) venceu Thierry Mariani, do RN, com cerca de 57% dos votos, segundo as primeiras estimativas. Muselier se beneficiou do fato de que a lista de esquerda, liderada pelo ecologista Jean-Laurent Félizia, se retirou da disputa entre os dois turnos para impedir a eleição do candidato da extrema direita.
Apesar da derrota, Marine Le Pen, fez um discurso confiante e conclamou os franceses a se mobilizar “já a partir de amanhã, para construirmos juntos a alternativa que a França precisa”.
Políticos da direita tradicional, que sonham com a eleição presidencial de 2022, foram reeleitos com facilidade. Na região Hauts-de-France (Norte), Xavier Bertrand, conquistou cerca de 52% dos votos. Ele não perdeu tempo em confirmar sua candidatura ao Palácio do Eliseu no ano que vem.
“Este resultado me dá força para me apresentar diante de todos os franceses”, disse Bertrand. “Agora, todo mundo entendeu que a eleição presidencial será uma disputa a três”, declarou o Republicano em referência ao duelo Macron x Le Pen apontado anteriormente por vários institutos de pesquisa para 2022.
Em Auvergne-Rhône-Alpes (centro da França), Laurent Wauquiez, do LR, foi reeleito com 55%. Outra vitória simbólica para o partido conservador foi a de Valérie Pécresse, que se reelegeu na região Ile-de-France, onde fica Paris.
Alguns líderes da esquerda também foram reeleitos, relançando o suspense para as eleições presidenciais de 2022.
Partido de Macron decepciona
O mau desempenho do partido LREM representa um alerta para o presidente Emmanuel Macron. Os resultados do segundo turno são uma “decepção” para a maioria presidencial, admitiu o líder da sigla, Stanislas Guerini.
O jovem partido presidencial não conseguiu se impor em nenhuma das 13 regiões da França metropolitana. Tanto o LREM quanto o RN pagam o preço de sua falta de implantação territorial, segundo analistas.
Os partidos “tradicionais” tinham perdido muito espaço na mídia nos últimos anos, após a vitória surpresa do centrista Macron em 2017. As eleições regionais redistribuíram as cartas, mas o retorno de um duelo clássico entre esquerda x direita deve ser analisado com prudência, aconselham os analistas.
“Nada indica que o duelo Macron x Le Pen é carta fora do baralho”, afirma Jérôme Sainte-Marie, presidente do instituto de pesquisa PollingVox.
// RFI