O nascimento de uma criança é a experiência mais marcante da vida dos pais e do próprio bebê. É o primeiro contato do bebê com o mundo externo. Agora, imagina se cada mãe escolhesse uma música para a chegada do seu filho ao mundo? Em Olinda, o médico Roberto Santa Cruz, de 29 anos, realiza partos assim, com trilha sonora à escolha da gestante.
A maternidade do hospital Tricentenário nunca mais foi a mesma após a entrada do doutor, formado pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), em agosto de 2016.
Após os estudos, ele ingressou em uma escola de música, onde estuda canto e ukulele, e começou a pensar que a melodia poderia fazer parte de sua jornada de trabalho. Desta maneira surgiu a pergunta que virou rotina: “Com qual música você quer que seu filho chegue ao mundo?”.
As mamães ficam surpresas com a questão, mas todos embarcam no mesmo ritmo e dançam conforme a música, que vai de Frank Sinatra a Wesley Safadão. As pacientes, por vezes, só mexem os dedinhos devido a anestesia, mas definitivamente aprovam a “recomendação médica” e se veem mais relaxadas para dar à luz.
O médico com um quê de artista também passou a levar para o expediente seu ukulele, instrumento tipicamente havaiano, com nome que significa “pulga saltitante”.
O som alegre que sai de suas cordas acompanha a cantoria ao vivo de Beto, como prefere ser chamado, durante os atendimentos do setor de pediatria das UPAs São Lourenço da Mata e do Ibura, periferia da capital pernambucana.
A postura do profissional se difere dos demais da área. Não possui a palavra “doutor” escrita no jaleco, nem no carimbo, pois acredita que o termo o colocaria como superior aos colegas de trabalho e aos pacientes, coisa que, segundo o próprio, diz não ser.
Seu objetivo na pediatria é fazer mais para as crianças, e como elas adoram música, este é o caminho que encontrou para ser um ponto fora da curva e um profissional melhor.
Vicente Carvalho // Razões para Acreditar