Movido por um sonho de criança, o caubói, jornalista e agora escritor, Filipe Masetti Leite, atravessou 10 países e inúmeras paisagens com seus cavalos. Foram dois anos para atravessar 16 mil quilômetros entre Calgary, no Canadá, até Barretos, no interior de São Paulo, acompanhado por seus cavalos: Frenchie, Bruiser e Dude.
O sonho de realizar essa jornada vem desde criança quando o brasileiro escutava do pai a história sobre o professor suíço Aime Tschiffely que, na década de 1920, cavalgou da Argentina até Nova York.
Em 2012, ele partiu em sua longa jornada na qual atravessou desertos, rios, estradas, temperaturas diversas, enfrentou dificuldades, imprevistos e correu risco de vida. Formado em jornalismo pela Ryverson University de Toronto, Filipe filmou, editou e publicou 90 episódios de sua viagem em um site.
Além disso, agora será possível conferir todas as suas aventuras no livro “Cavaleiro das Américas”, escrito por ele e que será lançando no dia 16 de agosto, em São Paulo.
“A maior dificuldade desse tipo de viagem é cuidar dos seus animais que se tornam seus filhos. A minha ligação com os cavalos foi muito forte. Amo demais esses cavalos”, disse o Filipe, que notou que o seu nome significa “amigo dos cavalos”.
“Um cavalo foi atropelado no sul do México. Ele escapou à noite e foi atingido em cheio por uma caminhonete. Mas eu tive muita sorte nessa primeira viagem. Eu tive diversos anjos da guarda. Eu fiquei um mês parado, cuidando dele, e o cavalo se recuperou. E o Frenchie chegou comigo até o Brasil, e hoje ele vive feliz no pasto da minha família“, explicou.
Em um outro episódio, o cavalo Frenchie quase se afogou em um rio, pois tem medo de água. “Frenchie, com medo da água, entrou em pânico no meio do rio. Em vez de nadar como os outros cavalos, deu uma guinada para voltar à margem, mas em um instante foi arrastado pela correnteza furiosa”, contou.
“Agora nem sequer dava para vê-lo. Meu menino dourado se foi. E se ele se afogar? E se quebrar uma pata nas pedras? E se um crocodilo o pegar?”, se pergunta.
O jornalista ainda revelou não ter passado por perigos durante a jornada. Segundo ele, a receptividade era constante ao longo do caminho. Ele ressaltou ter contado até com a solidariedade de narcotraficantes, dos cartéis de drogas mexicanos e outros países.
“Nunca tive nenhum problema. Os cavalos acabaram abrindo portas que de outra forma não iam se abrir. Em fiquei na casa de narcotraficante em Honduras, fiquei na casa de político, de pessoas que tinham tudo e de pessoas que não tinham nada. E todos me ajudaram. Até os narcotraficantes”, revelou Filipe.
O caubói falou ainda dos momentos mais marcantes da viagem que foi a sua partida do Canadá e sua chegada a Barretos, em 2014, onde foi recepcionado por uma plateia de 40 mil pessoas ao fim da viagem.
“Fizeram uma estátua minha e dos cavalos, de 5 metros, que agora está no Parque do Peão. Sou uma pessoa diferente graças à essa jornada”, constatou o caubói.
// Sputnik News