Algumas espécies de formigas produzem os próprios antibióticos, o que pode ter implicações na procura de novos medicamentos para uso humano, indica um estudo divulgado nesta quarta-feira (7).
“As descobertas sugerem que as formigas podem, no futuro, ser uma fonte de novos antibióticos para ajudar na luta contra doenças humanas”, disse o principal autor do estudo, Clint Penick, pesquisador assistente da Universidade do Estado do Arizona e ex-pesquisador da Universidade da Carolina do Norte.
Os cientistas lembram que as formigas, assim como os seres humanos, lidam com a doença e combatem as bactérias que causam algumas dessas doenças produzindo os próprios antibióticos. No entanto, segundo o estudo comparativo, 40% das espécies de formigas testadas não parece produzir antibióticos.
Adrian Smith, outro dos autores do estudo, professor assistente e pesquisador em ciências biológicas, da Universidade da Carolina do Norte, disse que uma das espécies examinadas, a saúva (Solenopsis molesta) foi a que teve “o efeito antibiótico mais poderoso de todas as espécies testadas”.
O estudo “Imunidade externa nas sociedades das formigas: a sociabilidade e o tamanho da colônia não implica investimento em antimicrobianos”, foi apresentado pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e publicado na revista Royal Society Open Science.
Para o estudo, os pesquisadores testaram as propriedades antimicrobianas associadas a 20 espécies de formigas. Foi usado um solvente para remover as substâncias na superfície do corpo de cada inseto, sendo a solução resultante introduzida em uma pasta bacteriana.
O crescimento das bactérias na pasta foi depois comparado com o crescimento das bactérias em um grupo de controle. Um crescimento menor de bactérias (comparado com o grupo de controle) significaria que um agente antimicrobiano estava ativo. A pasta contendo a solução da saúva não mostrou crescimento bacteriano.
Os cientistas descobriram que 12 das 20 espécies de formigas testadas tinham algum tipo de agente antimicrobiano nos exoesqueletos. As outras oito ou não usavam antibióticos ou se usavam eram ineficazes contra a bactéria usada no estudo.
“Encontrar espécies que carregam um poderoso agente antimicrobiano é uma boa notícia para os que querem descobrir novos antibióticos que podem ajudar os seres humanos. Mas o fato de muitas espécies parecerem ter pouca ou nenhuma defesa química contra os micróbios patogênicos também é importante”, disse Adrian Smith.
Até agora, pensava-se, erroneamente, que a maioria, se não todas as espécies de formigas, possuía agentes antimicrobianos, mas parece que muitas espécies “encontraram formas alternativas de prevenir as infecções que não dependem de produtos químicos antimicrobianos”, afirmou Clint Penick.
Os pesquisadores dizem que o estudo é um primeiro passo de um trabalho sem limites. Nos testes. foi usado apenas um agente bacteriano, pelo que não se sabe como cada espécie de formiga reage a outras bactérias. Também é preciso determinar que substâncias produzem os efeitos antibióticos e que estratégias alternativas aos antibióticos algumas espécies de formigas usam para se defender das doenças.
Ciberia // ZAP