A série de encontros entre o senador Aécio Neves (MG) e o presidente Michel Temer fazem parte da estratégia de ambos para enfraquecer o poder de Tasso Jereissati (CE) entre os tucanos, reconheceu ontem, ao Globo, uma fonte do governo. O Planalto torce para que o senador cearense se afaste o mais rapidamente da presidência do PSDB.
Nas palavras deste interlocutor, o comportamento do parlamentar atrapalha a vida do presidente Temer porque estimula o distanciamento de outros partidos e dificulta a votação de medidas econômicas importantes.
A avaliação do Planalto é que Jereissati não representa a posição majoritária do partido. O grupo palaciano tenta disseminar a desconfiança de que o senador esteja aliado a Ciro Gomes — como fez em 2002, abandonando o candidato José Serra. A mesma fonte chamou Tasso de “Renan do PSDB”.
Depois da nota dos tucanos da capital paulista, Aécio e o diretório mineiro do partido reagiram de forma coordenada. O deputado Domingos Sávio, presidente tucano em MG, disse que a reação dos correligionários é um “oportunismo lamentável”.
Já Aécio disse, em nota, que é “natural que lideranças do partido tenham conversas com o presidente e membros do governo”.
Tasso, porém, sabe que está sob ataque, mas considera que está respaldado pelos principais nomes do partido, segundo uma fonte próxima ao cearense. Ele compreende que conta com o apoio de caciques como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Segundo essa fonte, dificilmente a nota de ontem seria emitida sem consultas prévias aos caciques tucanos de São Paulo, como Alckmin e o ex-presidente FHC, inclusive pelo tom adotado.
Na leitura do grupo de Tasso, a nota do diretório paulistano, embora tenha sido alvo até mesmo de críticas de paulistas como José Anibal, jamais teria sido divulgada sem o conhecimento prévio de FHC, autor do enredo do polêmico programa de TV do partido, divulgado na semana passada.
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