Uma molécula na alimentação das abelhas operárias que atrasa seu desenvolvimento as impede de se tornar rainhas, segundo um estudo de uma equipe científica da Universidade de Nanjing, na China, publicado nesta quinta-feira (31).
O estudo, liderado por Xi Chen e publicado na PLOS Genetics, afirma que as microRNA, moléculas reguladoras das plantas, estão muito presentes no chamado pão de abelha, a mistura de pólen e mel que é a base fundamental da dieta das abelhas operárias.
Essa dieta determina o desenvolvimento das larvas ao atrasá-lo e manter seus ovários inativos, diferente das abelhas rainha, que se alimentam unicamente de geleia real, segundo os cientistas.
Os pesquisadores já sabiam que a dieta tem um papel importante no complexo processo que determina se uma larva de abelha se transformará em operária ou rainha, já que as larvas de operárias só se alimentam de geleia real nos primeiros três dias de vida antes de passar para a dieta de pão de abelha.
As rainhas, no entanto, passam toda a vida se alimentando de geleia real, uma substância produzida pelas glândulas hipofaríngeas da cabeça das abelhas operárias jovens, conhecidas como guardiãs.
O pão de abelha contém níveis muito mais altos de microRNA de plantas que a geleia real, por isso Xi e sua equipe decidiram investigar se estas moléculas, que regulam a expressão genética das plantas, afeta o desenvolvimento das castas de abelhas.
O resultado que encontraram foi que as abelhas criadas em laboratório com pão de abelha se desenvolveram mais lentamente e tinham corpo e ovários menores que as larvas sem esse suplemento na dieta.
As microRNAs das plantas também tiveram um efeito similar nas larvas da mosca-das-frutas, acrescentam os cientistas.
O estudo mostra que a história da formação de castas entre as abelhas é mais complexa que a ideia tradicional que atribui tudo à geleia real, enquanto identifica uma função previamente desconhecida das microRNA de plantas no desenvolvimento e na evolução das espécies.
“A regulação do desenvolvimento das abelhas pelas microARN das plantas mostra uma adaptação evolutiva para o sucesso das colônias através da associação entre duas espécies”, disse Xi.
// EFE