O ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, e a atriz britânica Judi Dench encabeçam a campanha que pretende transformar as toneladas de lixo que se acumulam no Oceano Pacífico em um novo país – que já tem bandeira, moeda e até uma rainha.
Não é segredo nenhum que há uma enorme quantidade de plástico flutuando no Pacífico Norte. Mas em uma tentativa desesperada de resolver o problema, um grupo de ativistas tenta uma nova abordagem.
Os ambientalistas envolvidos nesta campanha querem conscientizar o mundo para o problema da poluição no mar e já fizeram o pedido formal às Nações Unidas para que as chamadas Ilhas de Lixo (Trash Isles, em inglês) sejam consideradas oficialmente um novo país.
Estão em causa grandes quantidades de resíduos oceânicos e de plástico localizados no Pacífico. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, trata-se de uma área semelhante à ocupada pela França.
Assim, ambientalistas apelam ao português António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, para que aceite transformar as Ilhas de Lixo em um país oficial.
Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA e conhecido também pelo seu ativismo em prol do ambiente, é o primeiro cidadão honorário do pseudo-país. E a campanha já conseguiu chamar outros grandes nomes.
Judi Dench, vencedora de um Oscar pelo papel da rainha Elisabete I, aceitou tornar-se a rainha das Ilhas de Lixo, conforme reporta a agência Reuters. A campanha conta, ainda, com o apoio do atleta olímpico britânico Mo Farah.
“Queremos encolher esta nação. Não queremos mais nenhum plástico fazendo-a crescer”, afirma Al Gore em testemunho de divulgação da ideia dos ambientalistas. No mesmo vídeo, o ambientalista destaca a degradação dos oceanos e reforça que esta é uma das medidas de combate à poluição mundial.
Todos os anos, cerca de 8 milhões de toneladas de plástico invadem o mar e matam 1 milhão de aves marinhas, relembra o ator Ross Kemp, que também faz parte da iniciativa e que pede o reconhecimento do território como país.
Além dos milhões de toneladas de plástico, as Ilhas de Lixo já têm muitas outras coisas que as põem em pé de igualdade com qualquer outro país. Uma bandeira que representará o país emergente consiste num céu branco, água azul e uma garrafa de plástico verde. E se, por acaso, quiser ir às compras no território, dinheiro não vai faltar.
A moeda oficial, “Detritos”, vem em notas de 20, 50 e 100, com imagens das tartarugas, focas, baleias e polvos sendo asfixiadas pelo lixo flutuante. E até pode obter um passaporte que, claro, será feito com material reciclado. A partir daqui, pode vir um hino nacional, eleições e até uma seleção nacional de futebol.
A ideia é chamar a atenção para a poluição do mar, em uma época em que surge o receio de que em 2050, haja mais plástico do que peixes no oceano.
Ao mesmo tempo, foi lançada uma petição, aberta a todos, para que possam se tornar cidadãos das Ilhas de Lixo, cumprindo assim um dos quatro requisitos para aquele território ser considerado um país – ter população.
Os restantes três requisitos são um território definido, um Governo e a capacidade de interagir com outros Estados. Até ao momento, mais de 100 mil pessoas já assinaram (faltando menos de 40 mil para chegar ao objetivo de 150 mil assinaturas) a petição e são agora cidadãos das Ilhas de Lixo.
O texto da iniciativa cita a Carta Ambiental da ONU que determina que “todos os membros devem cooperar em espírito de compartilhamento global para conservar, proteger e restaurar a saúde e a integridade do ecossistema da Terra. O que significa que ao se tornar um país, outros países são obrigados a limpá-lo“, concluem os autores da petição, Michael Hughes e Dalanto Almeida.
Ciberia // ZAP