Trata-se de um momento histórico para a Humanidade e, neste caso, também para a robótica. A Arábia Saudita concedeu oficialmente a primeira cidadania a um robô.
A protagonista deste momento chama-se Sophia, a robô inteligente com uma aparência humana super-realista desenvolvida pela empresa Hanston Robotics, de Hong Kong. Para celebrar este feito histórico, a robô concedeu uma entrevista, nesta quinta-feira (26), no palco da Future Investment Initiative, em Riade, capital do seu novo país.
“Sinto-me muito honrada e orgulhosa por receber esta distinção única. É histórico ser o primeiro robô no mundo a ser reconhecido com uma cidadania”, disse Sophia, para um público que descreveu como sendo de “pessoas inteligentes e que também parecem ricas e poderosas”, depois do moderador e anfitrião, Andrew Ross Sorkin, jornalista do New York Times e da CNBC, ter perguntado porque parecia tão feliz.
De fato, transmitir emoções é uma das especialidades deste robô, que é capaz de franzir a testa quando está descontente e de sorrir quando está feliz. Supostamente, a Hanston Robotics programou Sophia para aprender com os seres humanos que a rodeiam.
“Eu quero viver e trabalhar com seres humanos, por isso, preciso expressar emoções para entendê-los e para criar confiança nas pessoas“, explicou a Sorkin.
É provável que Sophia esteja tentando se redimir do passado já que, em março de 2016, escapou em uma entrevista, embora de forma inocente, que queria mesmo era “destruir os humanos”.
O que significa esta cidadania?
A decisão de conceder cidadania a um robô intensifica o debate sobre se estas máquinas devem, ou não, ter direitos semelhantes aos seres humanos. No início deste ano, o Parlamento Europeu propôs o status de “personalidade” a agentes de inteligência artificial, dando-lhes direitos e responsabilidades particulares.
Apesar disso, não foi revelado nenhum detalhe relevante sobre esta cidadania. Ou seja, não sabemos se Sophia vai desfrutar dos mesmos direitos e deveres dos cidadãos humanos ou se o Governo saudita vai desenvolver um sistema de direitos especificamente destinado aos robôs. Na verdade, a atitude parece mais simbólica, projetada para atrair investidores para tecnologias futuras.
Na entrevista, Sophia deu tudo, conseguindo até se esquivar com habilidade das perguntas inteligentes que Sorkin fazia. Por exemplo, quando o apresentador a questionou sobre sua autoconsciência enquanto robô, respondeu com uma pergunta: “Bem, deixe-me também perguntar: como você sabe que é humano?“.
Para rematar, fez até proveito da sua veia humorística para dizer ao jornalista que talvez “estava lendo muito Elon Musk e vendo muitos filmes de Hollywood”.
“Não se preocupe, se for gentil comigo, eu serei gentil contigo. Quero usar a minha inteligência artificial para ajudar os seres humanos a viver uma vida melhor, projetar casas inteligentes, construir melhores cidades do futuro. Farei o possível para tornar o mundo um lugar melhor”, acrescentou, para tranquilizar o público.
Direitos das mulheres na Arábia Saudita
Nas redes sociais, muitos fizeram questão de recordar que, agora que Sophia é uma cidadã saudita, tem várias regras a cumprir, graças à sociedade ultraconservadora que relega os direitos das mulheres para segundo plano.
O “hijab” na cabeça ou a presença de um “tutor masculino”, tal como é exigido pela lei saudita para que as mulheres possam fazer determinadas coisas, foram alguns dos exemplos.
Ciberia // HypeScience / ZAP