Em vídeo, CEO admite que Cambridge Analytica teve influência na eleição de Donald Trump

O chefe executivo da empresa britânica Cambridge Analytica, Alexander Nix, admitiu a um jornalista que se passou por um potencial cliente que a empresa desempenhou um papel importante na eleição de Donald Trump.

“Fizemos toda a pesquisa, todos os dados, todas as análises, toda a segmentação. Executamos toda a campanha digital, a campanha de televisão e nossos dados informaram toda a estratégia”, disse Alexander Nix, durante uma reunião gravada pelo canal britânico Channel 4.

A revelação surge menos de uma semana depois de ter sido exposto que a Cambridge Analytica teria usado ilegalmente a informação de 50 milhões de perfis do Facebook para prever e direcionar as orientações de voto nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, enquanto trabalhava para a campanha de Donald Trump.

A emissora citou recentes alegações de um ex-funcionário de que a empresa utilizou incorretamente informações de mais de 50 milhões de contas do Facebook para ajudar Trump, bem como os comentários não protegidos que Nix fez durante sua reunião com o jornalista que pensava ser um cliente.

As autoridades britânicas investigam a empresa Cambridge Analytica pelo tratamento de dados pessoais. A empresa negou as irregularidades.

O repórter do Channel 4 se apresentou como um potencial cliente interessado em contratar a Cambridge Analytica para influenciar campanhas no Sri Lanka.

websummit / Flickr

Alexander Nix, CEO da Cambridge Analytica

Alexander Nix afirmou ter se encontrado “muitas vezes” com Trump, mas não forneceu detalhes e referiu que a empresa enviou e-mails com um “temporizador de autodestruição” durante a campanha de Trump para tornar seu papel mais difícil de rastrear.

Nas imagens divulgadas na segunda-feira (19), o Channel 4 mostrou que Nix sugeria que a empresa poderia manchar os rivais políticos, oferecendo a eles grandes quantidades de dinheiro ou os tentando a situações sexuais comprometedoras.

O Channel 4 também citou Mark Turnbull, da Cambridge Analytica, que teria afirmado que a empresa poderia criar “organizações de proxy” para alimentar material negativo sobre candidatos da oposição.

O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, instou o fundador e administrador executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, a prestar contas aos eurodeputados sobre o uso de dados de cidadãos europeus na sequência do escândalo da Cambridge Analytica.

Uma comissão parlamentar do Reino Unido também tinha anunciado que convocou Zuckerberg para responder sobre a suposto utilização de dados da rede social para influenciar indevidamente processos eleitorais.

Por outro lado, a comissária da informação do Reino Unido, Elizabeth Denham, também já disse que irá usar todos os poderes ao seu alcance para investigar o Facebook e a Cambridge Analytica.

A comissária tenta obter um mandado para fazer uma busca aos servidores da Cambridge Analytica.

O método de colheita de dados usado pela Cambridge Analytica também motivou investigações por parte da União Europeia, bem como de responsáveis federais e estaduais nos Estados Unidos.

A Comissão de Proteção de Dados da Irlanda (DPC) informou que irá analisar o uso da publicidade política no Facebook, também devido ao suposto uso indevido de dados por parte da Cambridge Analytica.

CEO suspenso

Alexander Nix, CEO da Cambridge Analytica, foi já afastado das suas funções na empresa. Em comunicado, a Cambridge Analytica refere que a suspensão de Alexander Nix, “que é alvo de uma investigação independente”, tem “efeito imediato”.

“Na visão da empresa, as declarações de Nix que o Channel 4 News gravou em segredo, assim como outras alegações, não representam nossos valores. Seu afastamento mostra o quão grave é essa violação”, lê-se na nota.

A empresa reagiu às recentes acusações garantindo que não “apoia nem se envolve em subornos ou armadilhas”. Já o próprio CEO acusou o Channel 4 de “deturpar os fatos” para “encurralar deliberadamente” a empresa.

Frente às alegações que surgiram durante o fim de semana, a comissária de informação da Grã-Bretanha, Elizabeth Denham, informou que irá pedir o acesso aos servidores da Cambridge Analytica.

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