Emocionada, Maria Estela Kubitschek, filha do ex-presidente Juscelino, busca na memória de mais de meio século as lembranças sobre a criação de Brasília.
No aniversário de 58 anos da capital federal, nesta sexta-feira (20) ela confidenciou à ABr que não se contém ao ver o sonho do pai realizado: a cidade, idealizada por ele, reunindo pessoas dos mais distintos lugares e que percebem Brasília como um local de integração.
“O sonho de Juscelino Kubitschek de criar uma comunhão entre os brasileiros de várias regiões, raças, sotaques, neste país continental, numa verdadeira integração nacional, foi realizado”, afirmou Maria Estela que acompanhou a construção da cidade ao lado da mãe Sara e da irmã, Márcia.
Para Maria Estela, JK acreditava que, apesar de ser responsável pela construção da nova capital, ele acreditava “todos eram donos” da cidade. ”Percebo esse sentimento na população de Brasília: ‘gentes’ de vários estados, mas todos se sentem donos da cidade, e por isso, a maioria não a abandona”.
Para a filha de JK, todos os anônimos contribuíram para fazer de Brasília o que ela é hoje. “Cada um teve e muitos ainda têm uma contribuição na construção de Brasília.”
Maria Estela lembra que o pai adorava a companhia dos “candangos”, trabalhadores que ajudaram a construir a cidade, e escapava sempre que possível para estar com eles. “Às noites, JK sentava com os candangos, nos canteiros de obras e cantava com eles. Às vezes, ele chegava tão à vontade que muitos se perguntavam se era realmente o presidente que estava ali”, contou Maria Estela.
Avesso a convenções, Maria Estela disse que o pai resistiu à ideia de Brasília ter uma pedra fundamental. No lugar da pedra, plantou uma cruz e chamou o arcebispo Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, de São Paulo, para celebrar um ato ecumênico.
O arcebispo trouxe uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, hojena Catedral de Brasília. “Foi com a primeira missa, assim como no descobrimento, que nasceu Brasília”, relatou.
O avião que virou cidade
O Plano Piloto, coração de Brasília, nasceu de um concurso para selecionar o melhor entre 41 projetos. O arquiteto Lúcio Costa foi o vencedor. Ele pensou Brasília em forma de avião com amplas asas e um corpo extenso. Assim, na capital não há nomes de ruas nem bairros, são números siglas e duas referências: Asa Norte e Asa Sul.
Ciberia // Agência Brasil