Uma equipe de cientistas descobriu aquela que dizem ser a cor mais antiga do mundo. Para a surpresa de todos, é o rosa choque.
Segundo o The Guardian, os pigmentos foram descobertos depois de os pesquisadores terem destruído rochas com 1,1 bilhão de anos encontradas em um antigo depósito marinho no deserto do Saara, na bacia de Taoudeni, na Mauritânia, oeste da África.
“É claro que podem dizer que tudo tem alguma cor”, disse o líder da pesquisa e professor da Universidade Nacional da Austrália, Jochen Brocks. “O que encontramos é a cor biológica mais antiga”.
Brocks comparou a descoberta com um osso de Tiranossauro. “Também teria uma cor, seria cinza ou marrom, mas não diria nada sobre o tipo de cor da pele que o T-Rex tinha”.
“Se encontrássemos agora a pele fossilizada preservada de um T-Rex, de modo a que ainda tivesse a cor original do dinossauro, ou seja, azul ou verde, seria incrível. Em princípio, foi o que descobrimos agora, só que ainda dez vezes mais antigo do que o típico T-Rex”.
“E as moléculas que encontramos não pertenciam a uma criatura grande, mas sim a organismos microscópicos, porque os animais não existiam naquela época. Essa é a coisa incrível no meio disso tudo”, explica o pesquisador.
As cores foram descobertas por uma estudante de doutorado, Nur Gueneli, que esmagou as pedras até virarem pó, extraindo e analisando depois as moléculas de organismos antigos da substância.
A pesquisadora afirma que os pigmentos encontrados são mais de 1,5 bilhão de anos mais antigos do que as descobertas anteriores.
“Os pigmentos rosa choque são os fósseis moleculares da clorofila que foram produzidos por antigos organismos fotossintéticos que habitavam um oceano antigo, que desapareceu há muito tempo”, explica a pesquisadora em comunicado.
De acordo com o jornal britânico, a pesquisa foi apoiada pela Geoscience Australia, conduzida pela Universidade Nacional da Austrália (ANU) e realizada por cientistas dos EUA e do Japão.
As rochas foram enviadas para a universidade por uma empresa petrolífera que procurava petróleo debaixo das rochas e da areia do deserto do Saara há cerca de dez anos, conta Brocks.
“Eles perfuraram um buraco com centenas de metros de profundidade e atingiram um xisto [tipo de rocha] profundo, preto e oleoso”, disse. “Acabou por ter 1,1 bilhão de anos, o que é absolutamente incrível“.
Brocks acrescenta que a descoberta “não é apenas “incrível por haver coisas tão antigas cor-de-rosa”, mas também porque ajuda a resolver um “grande enigma da vida” – como por que criaturas grandes e complexas apareceram tão tarde na história da Terra.
Enquanto a Terra tem cerca de 4,6 bilhões de anos, as criaturas parecidas com animais e outras coisas maiores, como as algas marinhas, surgiram há apenas 600 milhões de anos. Quando os pesquisadores analisaram a estrutura da molécula rosa, foram capazes de descobrir o que os tinha produzido – cianobactérias minúsculas.
“Estavam no fundo da cadeia alimentar”, explica. “No oceano moderno, temos algas no fundo da cadeia alimentar. As algas microscópicas ainda são muito pequenas, mas também são mil vezes maiores do que as cianobactérias”.
“Precisamos dessas partículas maiores como fonte de alimento para as criaturas maiores evoluírem. Olhando para as nossas moléculas, fica claro… não havia fonte de alimento para criaturas maiores. Isso resolve uma questão muito antiga”.
Ciberia // ZAP