Vestígios moleculares de colesterol descobertos em um fóssil revelaram a cientistas australianos o animal mais antigo já descoberto, que teria vivido há 558 milhões de anos, resolvendo um enigma de décadas.
Batizado de Dickinsonia, o animal tinha cerca de 140 centímetros de comprimento e forma oval, com segmentos semelhantes a costelas ao longo do corpo, segundo o estudo publicado, nesta sexta-feira (21), na revista Science.
O fóssil perfeitamente preservado em uma área remota no noroeste da Rússia continha moléculas de colesterol, uma forma de gordura característica do reino animal. “A gordura é uma espécie de carimbo da vida animal”, escreveram os autores do estudo, citados pela BBC.
“As moléculas de gordura fóssil que encontramos provam que os Dickinsonia eram grandes e abundantes há 558 milhões de anos, milhões de anos antes do que se pensava”, afirmou Jochen Brocks, cientista da Universidade Nacional Australiana.
Há mais de 75 anos os cientistas debatiam o que seria o Dickinsonia e outros fósseis que ainda não tinham conseguido identificar no período anterior ao Câmbrico, que, há 540 milhões de anos, representou uma explosão da diversidade de formas de vida, com o aparecimento das formas modernas de vida prevalecentes nos fósseis: moluscos, vermes, artrópodes e esponjas.
“Esse fóssil confirma agora que o Dickinsonia é o animal mais antigo já descoberto, resolvendo um mistério de décadas que tem sido o Santo Graal da Paleontologia“, acrescenta Brocks, citado pelo Independent.
O problema dos pesquisadores tinha sido encontrar fósseis de Dickinsonia com restos de matéria orgânica, uma vez que a maior parte das rochas onde foram descobertos tinham sofrido milhões de anos de desgaste.
A matéria orgânica foi encontrada em amostras de rochas na Rússia, em áreas que só são acessíveis de helicóptero.
“Esses fósseis estavam no meio de falésias no Mar Branco, a 60 e 100 metros de altura. Tive que me pendurar em uma corda e escavar pedaços enormes de rocha, lavá-los e repetir até encontrar fósseis como os que procurava”, afirmou Ilya Bobrovskiy.
Além dos australianos, também colaboraram na pesquisa cientistas da Academia das Ciências Russa e do Instituto Max Planck para a Biogeoquímica e da universidade alemã de Bremen.
Ciberia // ZAP