O plano mirabolante da SpaceX de abastecer seus foguetes Falcon 9 com astronautas a bordo está deixando a Agência Espacial Norte-Americana (NASA) bastante preocupada, afirmou uma reportagem publicada pelo Wall Street Journal nesta quinta-feira (3).
De acordo com o Wall Street Journal, um comitê de conselheiros da NASA se reuniu na última segunda-feira e avaliou que o abastecimento de uma nave espacial é uma “operação perigosa” e não deve ser feita com pessoas nas proximidades.
A preocupação já existia antes mesmo da explosão do último foguete da empresa durante o abastecimento, em setembro, mas foi agravada agora – uma vez que a SpaceX deverá começar o processo de transporte de ida e volta de astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) entre o final de 2017 e início de 2018.
Thomas Stafford, Tenente General da Força Aérea dos Estados Unidos, é um dos maiores opositores da ideia e das práticas da SpaceX. Desde o ano passado, o oficial tem enviado mensagens à NASA, alegando que o abastecimento de foguetes com astronautas a bordo vai contra procedimentos estabelecidos há décadas.
Tipicamente a NASA abastece seus foguetes horas antes da decolagem, com astronautas embarcando apenas quando o processo for encerrado. A SpaceX, por outro lado, visa carregar o combustível já com os viajantes abordo, apenas 30 minutos antes do lançamento.
A razão para a diferença entre as operações tem a ver com o processo usado pela SpaceX. A companhia costuma resfriar o combustível utilizado a temperaturas muito mais baixas que a NASA, reduzindo drasticamente sua densidade e permitindo maior potência ao foguete.
O único problema é que isso dá menos tempo entre o abastecimento e decolagem à SpaceX, já que o processo não funcionaria com o combustível esquentando durante a espera.
Em um comunicado, a empresa de Elon Musk alegou que já possui um processo “confiável” de reabastecimento e lançamento, que minimiza riscos para pessoas no foguete. Além disso, a companhia afirma que a operação de abastecimento com o foguete vazio nunca foi realmente uma regra estabelecida.
A empresa ainda não sabe o real motivo da explosão do seu último Falcon 9 durante o abastecimento, há cerca de dois meses, mas está estudando o episódio para refinar o processo e torná-lo mais seguro.
A companhia ainda alega que possui hoje um sistema que garante a segurança da tripulação caso qualquer coisa dê errado.
O processo está embedado no Crew Dragon, o módulo que carrega os astronautas da nave, que possui pequenos motores próprios que acionam ao menor sinal de uma falha de segurança, “ejetando” a tripulação para afastá-la do perigo.
// Canaltech