Cientistas da Universidade de Bristol criaram um sistema de sensores inspirado em “ovos de dragão”. Os “ovos” abrem e analisam todo o ambiente vulcânico assim que é detectado algum tremor.
Subir de mochila nas costas um vulcão que mostra sinais de atividade para deixar sensores numa cratera é, no mínimo, uma árdua e perigosa tarefa. E, por essa razão, cientistas britânicos criaram uma maneira de evitar a presença de humanos nessa missão.
Os “ovos de dragão” são pequenas caixas autônomas repletas de sensores inteligentes que podem ser jogados bem no centro do vulcão, através do controle à distância de um quadcopter – um drone composto por quatro rotores.
Caso o vulcão não esteja prestes a entrar em erupção, cada caixa permanece no modo suspenso (stand by), semelhante ao modo disponível em qualquer computador, consumindo níveis de energia muito baixos.
O comunicado da Universidade de Bristol reivindica para estes “ovos de dragão” o título de “menor consumo de energia em stand by do mundo”, podendo ficar operacionais por vários meses com uma só carga de bateria.
Os sensores acoplados nos aparelhos despertam e o “ovo” abre assim que é detectado o menor dos tremores vulcânicos, iniciando o protocolo de registro de valores de temperatura, umidade, frequência e intensidade de vibrações, sendo ainda capazes de analisar a presença de vários gases tóxicos.
Os “ovos de dragão” podem ainda trabalhar isoladamente ou em conjunto em um sistema interligado em rede, e os dados recolhidos pelos sensores podem ser transmitidos em tempo real para uma estação localizada em um raio de 10 quilômetros do vulcão onde os “ovos de dragão” operam.
Depois de os dados chegarem à estação, podem ser retransmitidos por satélite para centros de pesquisa de todo o mundo, onde poderão ser utilizados em estudos geológicos ou para fornecer alertas sobre erupções iminentes.
“Esta é a primeira vez que um sistema autônomo que usa tecnologia de escuta de zero energia foi implementado neste tipo de ambiente hostil”, afirmou Yannick Verbelen, pesquisador associado do departamento de física da Universidade de Bristol.
O grande desafio pela frente da tecnologia é a otimização do design para atender a diferentes critérios e situações.
Os “ovos de dragão” teriam que ser leves o suficiente para o drone suportá-los, teriam que ser capazes de aguentar condições extremas, e ainda extremamente eficientes no consumo de energia, visto que dentro de um vulcão sua manutenção é impossível.
Mas engana-se quem pensa que estes “ovos de dragão” têm apenas a função de vigiar vulcões. As capacidades demonstradas pelos dispositivos fazem deles mais valias capazes de ser utilizados em outros âmbitos: glaciares, falhas geológicas, locais de armazenamento de lixo nuclear e outros locais que demonstrem algum tipo de perigo.
A tecnologia desenvolvida já foi testada no vulcão Stromboli, na Itália, e os resultados positivos permitiram à tecnologia começar a ser desenvolvida com propósitos comerciais.
Ciberia // ZAP