Quando uma força é exercida sobre um objeto, seu comportamento é bastante previsível: o objeto se afasta da fonte da força que o empurra. Mas, recentemente, os físicos descobriram que é possível que um objeto atue de forma inversa, ou seja, que se aproxime da força feita sobre ele, como se tivesse massa negativa. A isso, a física dá o nome de polariton.
Agora, físicos da Universidade de Rochester, nos EUA, criaram o primeiro dispositivo capaz de gerar polaritons à temperatura ambiente, ou seja, partículas que se comportam como se tivessem massa negativa.
O dispositivo gera uma partícula que é uma estranha mistura entre luz e matéria e pode ser a base para um novo tipo de laser que poderia operar com muito menos energia do que as tecnologias atuais.
Isso é possível graças a uma combinação de fótons com uma espécie de quase-partícula chamada de excitonium , uma forma de matéria teorizada há muito tempo e que teve sua existência comprovada recentemente, para fazer a mistura, a que alguns cientistas se referem carinhosamente como “pó mágico”
“É interessante e empolgante da perspectiva da física“, diz o físico quântico Nick Vamivakas, do Instituto de Ótica de Rochester. “O dispositivo que criamos apresenta uma maneira de gerar luz laser com uma quantidade incrementalmente pequena de energia”, celebra.
O dispositivo consiste em dois espelhos que criam uma microcavidade ótica, que limita a luz em diferentes cores do espectro, dependendo de como os espelhos estão espaçados.
Os pesquisadores do laboratório de Vamivakas, incluindo os coautores Sajal Dhara, agora cientista do Indian Institute of Technology, e Chitraleema Chakraborty, incorporaram um semicondutor na microcavidade de tal forma que sua interação com a luz confinada resultou em pequenas partículas de excitonium combinadas com os fótons da luz para formar polaritons.
“Ao fazer com que um excitonium prescinda de uma parte da sua identidade por um fóton para criar um polariton, acabamos com um objeto que tem uma massa negativa associada”, explica Vamivakas.
O par está unido pela força de Coulomb, muitas vezes presente quando a luz interage com certos materiais. No caso deste estudo, esse material é o semicondutor atômico e fino feito de disselenida de molibdênio.
A massa negativa é um conceito difícil. Ela é frequentemente observada como uma resistência ou resposta a uma força. É mais difícil empurrar e parar uma bola de boliche do que uma bola de gude. Um objeto que se comporta como se tivesse massa negativa, como os polaritons, vai assumir comportamentos inesperados.
As aplicações para a descoberta são encorajadoras. Ao exibir as características de ter massa negativa, os polaritons poderiam ajudar a criar lasers com uma quantidade de energia muito menor do que é feito atualmente.
Os físicos até começaram a considerar se essa “poeira mágica” de luz e matéria poderia ser usada como base em um supercomputador radicalmente novo. E, não sendo propriamente as partículas mais empolgantes com que a física quântica nos presenteia, são seguramente suficientemente bizarras para que comecemos a dar a elas atenção.
Ciberia // HypeScience / ZAP