Foi aberto nesta segunda-feira (17), no sudoeste da França, um processo contra um abatedouro e seus empregados, acusados de “maus tratos sem necessidade a um animal”.
O procedimento jurídico, baseado em uma denúncia da associação francesa L214, de defesa dos animais, acontece ao mesmo tempo que um novo projeto de lei de Agricultura e Alimentação é examinado pelo Parlamento francês.
O processo foi instaurado dois anos depois da difusão das imagens chocantes, realizadas por câmeras escondidas, capturadas em março de 2016 no abatedouro de Mauléon, sudoeste do país, mostrando animais sendo abatidos sem atordoamento prévio, carneiros ensanguentados ainda conscientes e cabritos sendo cortados vivos.
Brigitte Gothier, porta-voz da associação L214, disse esperar que “os sofrimentos cruéis infringidos aos animais, pelos operários ou pelo material defeituoso” sejam reconhecidos durante o processo, que deve durar dois dias.
No Parlamento francês, nova legislação em debate prevê sanções em caso de maus tratos de animais em abatedouros ou durante seu transporte, assim como a imposição de uma vaga de responsável pela proteção animal em cada abatedouro.
Três funcionários do abatedouro de Mauléon, assim como o estabelecimento, são julgados por maus tratos a animais domésticos e pelo não cumprimento das regras de abate, como a ausência de insensibilização dos animais, um crime passível de multa no valor de 750 euros (cerca de R$ 3.500).
O abatedouro e seu diretor, Gérard Clement, atualmente aposentado, devem responder também por “falsificação sobre a natureza, qualidade, origem ou quantidade de uma mercadoria”, uma punição passível de dois anos de prisão, com multa de 300 mil euros (por volta de R$ 1,4 milhão).
Além da L214, outras dez associações de defesa animal, apoiaram o processo como partes civis, como a Sociedade Protetora dos Animais (SPA) e a Fundação Brigitte Bardot.
Os movimentos pelo bem-estar animal começam a provocar mudanças profundas na sociedade francesa. Mesmo se o veganismo, que proíbe o consumo de todo produto de origem animal, continua minoritário, seus militantes são cada vez mais respeitados no país.
A associação L214, que milita pela proteção de animais, mas também pela abolição do consumo de carne e qualquer uso de substância de origem animal, já revelou fatos semelhantes em matadouros de Alès e Vigan (sul da França).
Em abril de 2017, um ex-funcionário do matadouro da Vigan foi sentenciado a oito meses de prisão por atos de crueldade e maus-tratos em animais.
Ciberia // RFI