A Tesla é uma das companhias mais promissoras do mundo, mas ainda gera dúvidas entre os investidores, devido aos problemas para atingir as metas de produção e polêmicos acidentes envolvendo seus veículos — além de atitudes, digamos, rebeldes, do CEO Elon Musk em algumas ocasiões, principalmente quando está com o seu perfil do Twitter aberto.
Contudo, no segundo semestre de 2019, a empresa conquistou receita superior às projeções dos analistas e vem conquistando o mercado asiático com sua nova fábrica, a GigaFactory 3, na China. Isso tudo resultou em um aumento de suas ações e do valor de mercado, que chegou aos US$ 103 bilhões nesta quarta-feira (22).
O preço dos papeis atingiu um recorde em Wall Street, chegando a US$ 596,56 por cota. A ascensão começou em outubro do ano passado, quando a empresa registrou um lucro inesperado no terceiro trimestre, após registrar uma perda de US$ 1,1 bilhão — período em que ainda tentava entregar a demanda dos Model 3.
Vale destacar que, em setembro de 2018, Musk havia concordado em deixar o cargo de presidente, em um acordo com a Comissão de Títulos e Câmbio dos EUA, que o acusou de enganar os investidores após tuitar dados que poderiam influenciar o mercado — e nessa época ele já havia fumado maconha em um programa de rádio e frequentemente estava atrelado a episódios bizarros, com o sumiço de uma namorada na sua mansão.
Agora, a Tesla já supera o valor de mercado da Ford e da General Motors combinadas e, aos poucos, caminha rumo ao patamar das gigantes da tecnologia, como Apple e Microsoft — o que alimenta a fé dos investidores.
Musk deve receber um bônus gordo por essa alta
Se essa capitalização permanecer acima da média de US$ 100 bilhões por um período de seis meses, incluindo pelo menos 30 dias consecutivos, Musk terá a opção de comprar cerca de 1,69 milhão de ações da Tesla, a um preço de US$ 350 cada, o equivalente US$ 370 milhões. A Forbes e a Bloomberg estimam o patrimônio líquido atual de Musk em cerca de US$ 32 bilhões, do qual metade seria referente às suas cotas na Tesla.
Musk não recebe salário, e seu plano de remuneração, estabelecido há dois anos, inclui 12 itens, incluindo um termo que o permite comprar mais de 20 milhões de papeis da empresa com um grande desconto. O documento leva em consideração as metas de receita, lucro e avaliação geral sobre desempenho financeiro.
Parte dos membros do conselho estaria dividida com relação a isso. Seu aliados afirmam que esse incentivo é crucial para o sucesso da Tesla.
Já os opositores dizem que as cláusulas podem levá-lo a decisões que visam somente aumentar o preço da companhia, mesmo que algumas dessas medidas não façam sentido para a mesa diretora e, claro, para o futuro da empresa. Se todas os objetivos delineados por esse documento forem atingidos, incluindo um salto para atingir o valor de mercado de US $ 650 bilhões, Musk pode receber até US$ 55 bilhões.
Cautela ainda é a palavra de ordem para muitos investidores
Embora o momento seja bom para a Tesla, boa parte dos especialistas financeiros aconselha cautela. O Conselho Nacional de Segurança em Transportes dos Estados Unidos deve se reunir com Musk para abordar a investigação de pelo menos 14 acidentes envolvendo veículos da empresa, em casos em que o sistema de assistência ao motorista teria falhado.
Apesar das dificuldades, Colin Rusch, analista da consultoria Oppenheimer, está confiante sobre o futuro da Tesla. “Estamos analisando uma empresa que acreditamos ter uma estratégia muito robusta e perspicaz em termos de foco na tecnologia e que vem realmente tentando mudar o setor, de uma maneira que os consumidores considerem atraente.”
Segundo ele, o fato da companhia mostrar resiliência, e que pode aprender rapidamente com seus erros, conta favoravelmente. Além disso, é preciso levar em consideração que os dados coletados pelos sistemas de seus veículos podem ser fundamentais para treinar futuras plataformas de direção autônoma.
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