O número de contaminações e mortes pelo coronavírus Covid-19 sofreu uma revisão dramática na província de Hubei, epicentro da epidemia, nas últimas 24 horas. Foram 242 mortos apenas na quinta-feira (12) – mais do que o dobro do que vem sendo anunciado diariamente. O aumento se deve a um novo sistema de contagem das infecções.
Em um comunicado, a comissão de saúde de Hubei revelou que passou a incluir no número de infectados aqueles que foram “diagnosticados clinicamente”, por meio de imagens de pulmão. Até agora, só eram contabilizados os pacientes submetidos ao teste de ácido nuclêico usado para identificar o vírus.
Segundo as autoridades sanitárias, a mudança de diagnóstico permitirá aos pacientes receber tratamento “o mais rápido possível” e detectar doentes em outras províncias.
A nova forma de contagem de vítimas elevou o total de mortos para 1.367 pessoas desde dezembro no país. Outros 15 mil novos casos foram confirmados, totalizando 60 mil infectados pela doença na China.
A comissão de saúde de Hubei acrescentou que efetuou a mudança à medida em que as autoridades sanitárias tiveram uma melhor compreensão da doença. Mas a explosão do número de casos também alimenta a percepção de que o governo chinês tentou esconder a gravidade da epidemia e demorou a adotar uma resposta adequada.
Mortes em casa
Um grande número de pessoas infectadas e mortas não foram oficialmente contabilizadas pelas autoridades de saúde desde o início da epidemia. Há várias semanas famílias de Wuhan afirmam que estão tratando dos doentes em casa.
Muitos deles acabam morrendo sem conseguir ter acesso a hospitais, devido à superlotação dos centros de saúde de Hubei.
Vários profissionais de saúde também afirmam que os testes fornecidos pelo governo não são suficientes ou são ineficazes. Desta forma, boa parte dos doentes não estão recebendo o tratamento adequado.
Demissões no Partido Comunista
A revisão do balanço de vítimas têm consequências para as autoridades locais. O chefe do Partido Comunista de Hubei, Jiang Chaoliang, foi demitido nesta quinta-feira (13). Quem o substitui é Ying Yong, um veterano da saúde pública e amigo do presidente chinês Xi Jinping.
Segundo a agência de notícias estatal, Ma Guoqiang, líder do Partido Comunista em Wuhan também foi substituído. Cinco funcionários de Hubei foram despedidos na quarta-feira (12) por “falhas” em suas funções durante a epidemia.
Epidemia pelo mundo
No Vietnã, uma cidade de 10 mil habitantes perto da capital Hanói foi colocada em quarentena após a descoberta de seis casos da pneumonia. Um novo caso de Covid-19 foi registrado nas últimas horas na área, o que elevou o número de infectados a seis. No total, o Vietnã registra 16 casos positivos até o momento.
A epidemia se alastra entre os passageiros e tripulantes do navio Diamond Princess, em quarentena na costa do Japão. O ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato, informou nesta quinta-feira que exames confirmaram mais 44 novos casos de contaminação com coronavírus, elevando a 218 o número de pacientes no cruzeiro. Dos 44 casos novos, 43 são passageiros e um é membro da tripulação do navio.
A pouco mais de 5 meses da abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no final de julho, o presidente do comitê de organização Yoshimo Mori reiterou que não há nenhum plano de cancelamento ou adiamento das provas, por causa da epidemia.
No entanto, em Barcelona, os organizadores do maior evento mundial em comunicações, o Mobile World Congress, suspenderam a realização do salão, que começaria no dia 24 de fevereiro, depois de 30 empresas do setor cancelarem sua participação, devido à epidemia do coronavírus.
// RFI